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Moradores acordam de sonho verde da Granja
Área arborizada da Grande SP está sendo tomada por grandes imóveis
Foram lançados 63 empreendimentos residenciais em cinco anos; shopping será inaugurado neste mês
LETICIA DE CASTRO
DE SÃO PAULO
Foi a possibilidade de morar em frente a um morro coberto de árvores frutíferas,
saguis, tucanos e esquilos
que atraiu a dona de casa Elizabeth Tavares, 51, à Granja
Vianna, em Cotia (Grande
São Paulo), 20 anos atrás.
Naquela época, ela comprou a casa onde mora até
hoje, na altura do km 23 da
rodovia Raposo Tavares. A
rua era de terra, sem iluminação, e o entorno era verde.
Hoje, a paisagem mudou.
No lugar do morro, o primeiro shopping center do bairro
se prepara para entrar em
funcionamento, no final do
mês. "Acabou o sossego",
afirma Elizabeth, moradora
da rua Adib Auad, localizada
nos fundos do novo megaempreendimento.
A chegada do shopping é
apenas a ponta do iceberg da
expansão imobiliária do local. Segundo dados da Embraesp (Empresa Brasileira
de Estudos de Patrimônio),
nos últimos cinco anos foram
lançados 63 novos empreendimentos residenciais na região, entre casas e prédios.
Houve ainda dois lançamentos comerciais, com 451
escritórios. Outro empreendimento com 400 escritórios
está sendo erguido.
Segundo a prefeitura, neste mesmo período o bairro
saltou de 44.372 para 55.701
domicílios ocupados. A população cresceu de 23 mil para 28 mil habitantes.
Para o vice-presidente de
Comercialização e Marketing
do Secovi-SP, a região ainda
tem potencial para crescimento. "As pessoas querem
qualidade de vida, morar
perto da natureza, e a Granja
ainda tem preços cerca de
30% mais baixos que as
áreas nobres de São Paulo."
O paraíso bucólico que
atrai tantos paulistanos vem
sofrendo ultimamente com a
expansão. Há cerca de um
mês, a crescente movimentação de caminhões por conta
da finalização da obra do
shopping deixou o trânsito
caótico na região.
"Eu levava cinco minutos
para chegar ao local onde está sendo construído o shopping. Hoje, levo meia hora",
diz a aposentada Delia Costa,
há cinco anos na região.
Mas o crescimento não
traz apenas prejuízos para os
moradores, na opinião do diretor comercial Rodolfo Mello, 49, que mora na Granja
há dez anos. "Os imóveis estão valorizando e a abertura
de shopping gera empregos,
movimenta a economia. Isso
tudo é positivo", destaca.
"Estamos levando lazer e
consumo de alto padrão para
a região, o que não existia antes. E fizemos obras para minimizar o impacto", disse
Luis Quinta, diretor de Desenvolvimento da BR Malls,
responsável pelo shopping.
Colaborou ALENCAR IZIDORO
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