São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2000

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VIOLÊNCIA

Trabalho feito por ONG indica que 25% dos criminosos têm entre 24 e 26 anos e que 72,5% completaram só o 1º grau

Estudo revela perfil de autor de chacina

MELISSA DINIZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma análise dos inquéritos policiais sobre as chacinas ocorridas em São Paulo nos últimos anos, revelou, pela primeira vez, o perfil de seus autores. Segundo a análise, 25% dos criminosos têm entre 24 e 26 anos e 72,5% têm apenas o 1º grau completo.
As profissões mais comuns são vigilante (25%), mecânico (12,5%) e policial militar (7,5%). Os homens representam 100% dos criminosos e 79% das vítimas. De janeiro a novembro deste ano, 276 pessoas morreram em chacinas na Grande SP. Em 99, foram 302 vítimas. Segundo a Polícia Militar, o tráfico de drogas e os acertos de contas somam juntos 60% das causas das chacinas.
A análise foi apresentada no relatório sobre direitos humanos no Brasil, divulgado ontem pelo Centro de Justiça Global (ONG internacional com sede no Brasil, que tem em seu conselho consultivo nomes como Frei Betto, Márcio Thomas Bastos e Emir Sader).
O relatório é resultado de uma parceria de cerca de 20 entidades de direitos humanos, nacionais e internacionais, e relata casos de tortura, assassinato, discriminação racial e trabalho escravo, entre outros, ocorridos neste ano.
Outro dado revelado pelo relatório é que pode chegar a mil o número de mortos este ano em confrontos com a polícia na cidade de São Paulo. Em 99, foram 664 mortes (44% a menos). Os dados são da Ouvidoria das Polícias Civil e Militar do Estado.
De acordo com James Cavallaro, co-diretor da Justiça Global, boa parte dessas mortes, segundo o levantamento feito pela ONG, têm grandes chances de serem execuções. "Em 52% dos casos, as vítimas foram atingidas pelas costas, 23% delas receberam mais de cinco tiros e 60% das vítimas não tinham passagem pela polícia."
Cavallaro afirma que, em São Paulo, de cada quatro pessoas feridas por tiros em confrontos com a polícia, três acabam morrendo.

Outro lado
"Acreditamos que muitas conclusões são generalizadas porque tiro nas costas, por exemplo, pode não ser execução", afirma o secretário-adjunto da Segurança Pública, Mário Papaterra Limongi.
Para ele, o fato de a maioria dos mortos ser réu primário não é relevante. "É preciso ver se o policial agiu corretamente ou não."
Limongi acredita que o aumento de pessoas mortas pela polícia significa que está havendo mais confrontos com bandidos.


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