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VIOLÊNCIA
Investigador cometeu crime na sede do Deic; de acordo com colegas, disputa por herança motivou assassinato
Irmão mata delegado em prédio da polícia
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Sérgio Ricardo
Guarda, 40, foi assassinado, na
tarde de ontem, dentro do prédio
do Deic -departamento de elite
da Polícia Civil que investiga o crime organizado. O assassino, para
a surpresa dos quase mil policiais
que trabalham no local, foi o próprio irmão da vítima -o investigador William Ricardo Guarda.
Antes de ser preso em flagrante,
William, 45, também acertou dois
tiros na perna de outro investigador. Ferido, o policial não corre
risco de morte.
As desavenças entre os dois irmãos, motivadas por uma disputa pela herança da família -um
apartamento-, não eram novidade para os colegas de Sérgio. O
delegado chegou a registrar queixa contra William na Corregedoria da Polícia Civil.
A Corregedoria iniciou uma
apuração administrativa contra o
investigador por causa da queixa,
o que teria irritado William.
Os dois estão há mais de 20 anos
atuando na polícia de São Paulo.
O crime
William, que trabalha na Delegacia Geral, foi ao prédio do Deic,
na zona norte de São Paulo, na
manhã de ontem, por volta das
11h, para conversar com o irmão.
Ele não estava. O investigador decidiu esperá-lo até as 16h, quando
Sérgio chegou ao departamento.
Segundo os policiais, William
estava tranqüilo e conversou normalmente com os colegas enquanto esperava pelo irmão.
Quando ele chegou, os dois foram até sua sala e iniciaram uma
conversa a portas fechadas. Em
seguida, começou uma discussão.
Segundo a polícia, William queria
saber por que o irmão havia registrado queixa contra ele.
Houve gritos e, em seguida, vários tiros. O delegado foi atingido
na cabeça e no peito e morreu na
hora. William usou a arma da polícia e ainda teria atirado a esmo
várias vezes. Um investigador foi
atingido na perna quando tentou
prender o assassino, mas está fora
de perigo.
William ainda tentou fugir pelos corredores do departamento.
Cercado pelos policiais, voltou
para a sala do irmão e tentou fugir
pela janela. Acabou preso. Até a
conclusão desta edição, ele ainda
não havia constituído advogado.
O corpo de Sérgio deverá ser velado hoje na Academia de Polícia.
Até a noite de ontem, a família
não havia definido o local do enterro. Ele era casado com uma delegada e não tinha filhos.
William foi preso em flagrante
por homicídio e tentativa de homicídio. Ele ficará no Presídio Especial da Polícia Civil e responderá a procedimento administrativo
que poderá resultar em sua expulsão da corporação.
"Ato insano"
O delegado divisionário do
Deic, Emídio Machado Neto, disse que William costumava visitar
o irmão regularmente e que o crime surpreendeu todo o departamento. "Problemas particulares o
levaram [William] a esse ato insano", afirmou. Ele ainda disse que
William não falou nada sobre o
crime por estar muito abalado.
Neto classificou Sérgio como
um "delegado de conduta irreparável e de competência absoluta"
e que era muito querido no departamento. O policial trabalhava na
2ª Divecar, delegacia que investigava roubo de cargas.
O delegado estava na Polícia Civil havia 20 anos e ficou conhecido após prender o adolescente
Batoré, acusado de 15 homicídios,
em maio de 2003. Antes do Deic, o
delegado trabalhou no DHPP
(Departamento de Homicídios e
de Proteção à Pessoa) e no GOE
(Grupo de Operações Especiais).
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