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MEMÓRIA NA PEDRA
Estudo encontra 76 vestígios arqueológicos e históricos no parque, que acompanha todo o litoral de SP
Com arte rupestre, serra do Mar quer turista
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo coordenado por um
pesquisador da USP descobriu
vestígios arqueológicos no Parque Estadual da Serra do Mar, entre eles uma arte rupestre em uma
pedra de quase três metros, no vale do rio Quilombo, em Cubatão
(Baixada Santista).
Com isso, a administração da
área preservada quer incentivar o
turismo e criar uma espécie de
museu a céu aberto aos visitantes.
Os 76 vestígios foram detectados pela equipe do arqueólogo
Paulo Zanettini, doutorando do
Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, durante estudos para
a elaboração do plano de manejo
do parque, documento equivalente ao plano diretor de uma cidade. Entre os objetos há polidores, machados e pontas de lança.
Segundo o arqueólogo, é a primeira ocorrência de arte rupestre
na serra do Mar. "Além de existir
grande possibilidade de mais serem encontradas, é provável que
essa gravação seja uma evidência
concreta da utilização da serra do
Mar como rota em períodos pré-coloniais e também após a chegada do colonizador europeu."
Como foi feito um levantamento rápido, será necessário mais estudos para datar a arte rupestre.
Para Zanettini, as descobertas
mostram que o parque deve ter
fins educacionais. "Daremos
orientações de como articular as
riquezas para fins de preservação,
pesquisa e uso público."
Segundo a coordenadora-geral
do plano de manejo, a arquiteta
Adriana Mattoso, a intenção é fazer parcerias para elevar a visitação. "Não temos experiência em
gestão. Para abrir o material arqueológico à visitação precisamos
ter muito controle. Mas, quanto
mais atrativos o parque tiver,
mais parceiros virão e mais consideração das pessoas haverá."
Segundo o diretor da divisão de
parques do Instituto Florestal,
Luiz Roberto de Oliveira, o levantamento arqueológico foi o que
mais surpreendeu no plano de
manejo em razão da diversidade
das descobertas. Foi observada a
ocorrência de aves de 42 espécies
ameaçadas de extinção e duas
aves raras, a saudade e o caneleiro-do-chapéu-preto. Também foram mapeados 400 km de trilhas.
A arqueóloga Madu Garcia, do
Museu Nacional da UFRJ, diz que
a arte rupestre foi um "achado
ímpar". "É uma novidade na pré-história brasileira. Não temos
ocorrências no litoral, a não ser
em Santa Catarina", diz.
Parque
Dos oito núcleos do parque,
dois não têm infra-estrutura para
visitação (Curucutu e Pedro de
Toledo). Os principais visitantes
da unidade de conservação da
serra do Mar são grupos de estudantes. Com exceção do núcleo
Picinguaba, em Ubatuba (litoral
norte), os demais só possuem alojamento para pesquisadores. Segundo Mattoso, a visitação anual
é de cerca de 50 mil pessoas.
Colaborou REINALDO JOSÉ LOPES, da Reportagem Local
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