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Caos nos aeroportos provoca suspensão de 2 transplantes
Atrasos nas decolagens nos aeroportos prejudicaram o transporte dos órgãos
No Rio, dona-de-casa
aguardava rim; em SP,
garoto de 1 ano deixou de
receber um fígado, que foi
transferido para o 2º da lista
Sergio Lima/Folha Imagem
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Mulher protesta contra atrasos no aeroporto de Brasília (DF) |
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
Os passageiros voltaram a
enfrentar ontem transtornos
com atrasos e cancelamentos
de vôos um dia depois de a pane
no sistema de rádio do centro
de controle em Brasília levar à
suspensão das decolagens em
três aeroportos. A nova crise
provocou até mesmo o cancelamento de dois transplantes, um
em São Paulo e outro no Rio.
No Rio, a dona-de-casa Valda
Sandra Gomes Soares, 32, que
há mais de quatro anos aguarda
um rim, chegou a ir até o hospital ontem de manhã preparar-se para a cirurgia. No entanto,
devido aos atrasos de vôos, o órgão, que seguiria de Belo Horizonte para o Rio, não chegou.
Segundo o funcionário do
Rio Transplante que a atendeu,
não havia vôo para transportar
o rim em tempo hábil. O órgão
foi transplantada em um paciente de Belo Horizonte.
"Agora é continuar as sessões
de hemodiálise", lamentou
Sandra, que enfrenta quatro
horas de tratamento, três vezes
por semana. "E eu, que nunca
andei de avião, já fui prejudicada... É um absurdo. E se fosse
uma pessoa que dependesse urgentemente do rim para sobreviver? Eu pelo menos ainda
consigo esperar algum tempo."
Em decorrência da insuficiência renal crônica que fez
com que seus dois rins não funcionassem mais, Sandra teve
um cateter instalado no pescoço e um em cada virilha.
Na terça-feira, dia da pane, o
prejudicado foi o menino Gabriel Barbosa Machado, de 1
ano. Assim como Sandra, ele
chegou a ser internado no Hospital do Câncer, em São Paulo,
para ser preparado para a cirurgia, mas o fígado que ele receberia não chegou a tempo.
O órgão era de um doador de
São José do Rio Preto (440 km
de São Paulo). Segundo o Hospital do Câncer, para o transplante em Gabriel, o fígado precisaria antes passar por um
procedimento cirúrgico que
demoraria cerca de duas horas.
No entanto, devido ao atraso
nos vôos, o órgão chegou a São
Paulo no limite do tempo útil
para aproveitamento. O fígado
então foi destinado ao segundo
da lista, o adolescente W.A.L,
16, para um transplante imediato. Ontem, o adolescente estava em recuperação na UTI da
Santa Casa. Segundo o hospital,
seu estado é estável.
Gabriel, que é de Lauro de
Freitas, na região metropolitana de Salvador (BA), está em
São Paulo há três meses aguardando um fígado. Segundo a
médica Vera Baggio Danesi, hepatologista infantil do Hospital
do Câncer, a doença de Gabriel
é rara e o transplante é a única
saída para a cura.
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