São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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Caos nos aeroportos provoca suspensão de 2 transplantes

Atrasos nas decolagens nos aeroportos prejudicaram o transporte dos órgãos

No Rio, dona-de-casa aguardava rim; em SP, garoto de 1 ano deixou de receber um fígado, que foi transferido para o 2º da lista

Sergio Lima/Folha Imagem
Mulher protesta contra atrasos no aeroporto de Brasília (DF)


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL

Os passageiros voltaram a enfrentar ontem transtornos com atrasos e cancelamentos de vôos um dia depois de a pane no sistema de rádio do centro de controle em Brasília levar à suspensão das decolagens em três aeroportos. A nova crise provocou até mesmo o cancelamento de dois transplantes, um em São Paulo e outro no Rio.
No Rio, a dona-de-casa Valda Sandra Gomes Soares, 32, que há mais de quatro anos aguarda um rim, chegou a ir até o hospital ontem de manhã preparar-se para a cirurgia. No entanto, devido aos atrasos de vôos, o órgão, que seguiria de Belo Horizonte para o Rio, não chegou.
Segundo o funcionário do Rio Transplante que a atendeu, não havia vôo para transportar o rim em tempo hábil. O órgão foi transplantada em um paciente de Belo Horizonte.
"Agora é continuar as sessões de hemodiálise", lamentou Sandra, que enfrenta quatro horas de tratamento, três vezes por semana. "E eu, que nunca andei de avião, já fui prejudicada... É um absurdo. E se fosse uma pessoa que dependesse urgentemente do rim para sobreviver? Eu pelo menos ainda consigo esperar algum tempo."
Em decorrência da insuficiência renal crônica que fez com que seus dois rins não funcionassem mais, Sandra teve um cateter instalado no pescoço e um em cada virilha.
Na terça-feira, dia da pane, o prejudicado foi o menino Gabriel Barbosa Machado, de 1 ano. Assim como Sandra, ele chegou a ser internado no Hospital do Câncer, em São Paulo, para ser preparado para a cirurgia, mas o fígado que ele receberia não chegou a tempo.
O órgão era de um doador de São José do Rio Preto (440 km de São Paulo). Segundo o Hospital do Câncer, para o transplante em Gabriel, o fígado precisaria antes passar por um procedimento cirúrgico que demoraria cerca de duas horas.
No entanto, devido ao atraso nos vôos, o órgão chegou a São Paulo no limite do tempo útil para aproveitamento. O fígado então foi destinado ao segundo da lista, o adolescente W.A.L, 16, para um transplante imediato. Ontem, o adolescente estava em recuperação na UTI da Santa Casa. Segundo o hospital, seu estado é estável.
Gabriel, que é de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador (BA), está em São Paulo há três meses aguardando um fígado. Segundo a médica Vera Baggio Danesi, hepatologista infantil do Hospital do Câncer, a doença de Gabriel é rara e o transplante é a única saída para a cura.


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