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SAÚDE
Novo secretário de Alckmin afirma que a Prefeitura de São Paulo não está preparada para gerenciar 29 unidades
PSDB resiste a passar hospitais a Marta
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo tucano do Estado de
São Paulo resistirá à municipalização das 29 unidades hospitalares estaduais da capital, um dos
principais projetos na área de saúde da prefeitura petista da cidade
para este ano.
O novo secretário de Estado da
Saúde, o sanitarista Luiz Roberto
Barradas Barata, 49, apontou, em
entrevista à Folha, uma série de
obstáculos, entre eles o fato de a
prefeitura ter problemas na rede
de 15 hospitais municipais.
"Não tenho nenhuma crítica.
Eles tiveram um desmonte e estão
remontando há dois anos", afirmou, em referência à reintegração
da rede de saúde paulistana ao
SUS (Sistema Único de Saúde)
ocorrida há quase dois anos, após
o término do PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
"Nós tivemos um desmonte e
estamos montando há oito anos.
Fico preocupado em pegar uma
coisa que está funcionando melhor do que as coisas municipais e
passar a eles", continuou o secretário, que foi, por dois anos, um
dos principais assessores do ex-ministro da Saúde José Serra, candidato derrotado a presidente da
República. Barata foi secretário-adjunto de José da Silva Guedes,
seu antecessor na saúde estadual.
O secretário sinalizou que, no
futuro, poderá mudar de idéia.
"Algumas coisas têm de ser municipalizadas. Outras devem continuar sob a administração do Estado." Para Barata, não há vantagem, por exemplo, na transferência, para a prefeitura, da administração do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP.
"Só vou criar mais burocracia."
A gerência dos hospitais pelo
município já está em discussão na
comissão bipartite que reúne gestores dos municípios e do Estado.
Será debatida ainda na comissão
tripartite que reúne também
membros do Ministério da Saúde.
Obstáculos
A prefeitura já assumiu postos
de saúde estaduais e o Programa
Saúde da Família Qualis, implantado pelo Estado. Na passagem
das cerca de 200 equipes do Qualis, no ano passado, também houve resistência. Dirigentes do programa apontaram como entrave
o prejuízo político para o Estado.
O Qualis foi uma das principais
bandeiras de campanha do PSDB.
Acertada em fevereiro de 2001
na comissão bipartite, a municipalização do programa só foi concretizada no ano passado. A secretaria estadual entravou o processo ao demorar para apresentar
um cronograma.
Se aprovada, a municipalização
das unidades hospitalares significará a gestão, pela prefeitura, de
mais 9.265 leitos -além dos
2.408 municipais- e do orçamento dos hospitais. No ano passado, foram empenhados (reservados) mais de R$ 1 bilhão para 21
das 29 unidades. Para comparação, a secretaria municipal da
Saúde empenhou, até novembro
de 2002, R$ 1,1 bilhão de seu orçamento global.
A prefeitura receberá ainda 70
mil funcionários estaduais, mas o
governo continuará pagando seus
salários. O município terá a responsabilidade de repor os que
deixarem o serviço.
A incorporação das unidades
hospitalares é a última etapa do
processo. A prefeitura defende a
mudança argumentando que a
municipalização é uma regra do
SUS, que prevê com isso um melhor controle popular. Destaca
ainda que a integração da rede
trará benefícios ao sistema.
"É uma bobagem você falar em
controle social porque um munícipe de São Paulo está mais perto
da prefeita do que está do governador", disse Barata. Afirmou
ainda que muitas das unidades
têm importância regional e não
poderiam ser gerenciadas por
uma única prefeitura.
"Por estar em condições de assumir a coordenação do SUS na
cidade, a secretaria pleiteia a gestão de todo o sistema, inclusive a
rede hospitalar", diz breve nota
divulgada pela prefeitura ontem.
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