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SAÚDE
Segundo secretário, dirigentes de hospitais resistem à criação de uma central de vagas única para unidades estaduais e municipais
Diretores barram integração das redes
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata,
diz que foram a resistência e o isolamento de alguns diretores de
hospitais as razões do fracasso da
proposta de criar uma central
única de vagas para as redes hospitalares municipal e estadual da
capital paulista. "Os diretores são
mais ou menos como os pilotos
de aviões. Acham que são donos
de todos os assentos", ironizou,
comparando os leitos às poltronas de aviões.
Barata reconheceu os problemas causados pela falta de integração. "Hoje, se quiser tomar um
avião daqui para Roma e de Roma
para Istambul, a gente consegue.
Se quisermos internar um doente
que esteja em Caieiras (Grande
São Paulo) aqui no hospital [ele se
referia ao Hospital das Clínicas,
unidade estadual na zona oeste de
São Paulo, que fica próximo do
seu gabinete", nós não conseguiremos. Não sabemos as vagas que
tem no hospital, não temos noção
disso", afirmou o secretário.
Prefeitura e Estado defendem a
integração da rede para uma melhor hierarquização dos serviços
-decisão sobre quais hospitais
fariam cada tipo de atendimento- e aprimoramento das informações sobre vagas.
A central direcionaria os atendimentos eletivos. Exemplo: um paciente que necessita de uma cirurgia de varizes e não consegue vaga
em uma região. A central, de posse dos dados do paciente e da informação sobre o total de vagas e
de onde elas estariam localizadas,
encontra o leito e encaminha o
doente -que deixaria de perambular em busca do atendimento.
Segundo Barata, a criação da
central de vagas não é algo custoso e dependerá de parceria com o
município. "A principal dificuldade não é a financeira. É a resistência das pessoas a mudar. Elas
são apegadas ao poder de determinar quem interna." Ele pretende conversar com os diretores.
Mais críticas
Barata, ex-assessor do ex-ministro da Saúde José Serra, criticou a
política de custeio da gestão de
que participou. "Não podemos ficar com falsas premissas, de que o
brasileiro do Sul e Sudeste não pode custar mais para o sistema do
que o do Norte e Nordeste."
Ele diz que tem esperança de
que agora o governo federal petista revise valores repassados aos
Estados, aumentando os recursos
federais para o custeio destinados
aos Estados do Sul e Sudeste. "No
Sudeste e Sul temos uma infra-estrutura que, se não é ideal, é melhor. Consequentemente, o custeio do Sul e Sudeste tem de ser
maior." Barata diz ainda que as
regiões têm a população mais idosa, que mais custa ao sistema.
"Fazer justiça, como dizia Rui
Barbosa, é tratar desiguais desigualmente".
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