São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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SAÚDE

Segundo secretário, dirigentes de hospitais resistem à criação de uma central de vagas única para unidades estaduais e municipais

Diretores barram integração das redes

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata, diz que foram a resistência e o isolamento de alguns diretores de hospitais as razões do fracasso da proposta de criar uma central única de vagas para as redes hospitalares municipal e estadual da capital paulista. "Os diretores são mais ou menos como os pilotos de aviões. Acham que são donos de todos os assentos", ironizou, comparando os leitos às poltronas de aviões.
Barata reconheceu os problemas causados pela falta de integração. "Hoje, se quiser tomar um avião daqui para Roma e de Roma para Istambul, a gente consegue. Se quisermos internar um doente que esteja em Caieiras (Grande São Paulo) aqui no hospital [ele se referia ao Hospital das Clínicas, unidade estadual na zona oeste de São Paulo, que fica próximo do seu gabinete", nós não conseguiremos. Não sabemos as vagas que tem no hospital, não temos noção disso", afirmou o secretário.
Prefeitura e Estado defendem a integração da rede para uma melhor hierarquização dos serviços -decisão sobre quais hospitais fariam cada tipo de atendimento- e aprimoramento das informações sobre vagas.
A central direcionaria os atendimentos eletivos. Exemplo: um paciente que necessita de uma cirurgia de varizes e não consegue vaga em uma região. A central, de posse dos dados do paciente e da informação sobre o total de vagas e de onde elas estariam localizadas, encontra o leito e encaminha o doente -que deixaria de perambular em busca do atendimento.
Segundo Barata, a criação da central de vagas não é algo custoso e dependerá de parceria com o município. "A principal dificuldade não é a financeira. É a resistência das pessoas a mudar. Elas são apegadas ao poder de determinar quem interna." Ele pretende conversar com os diretores.

Mais críticas
Barata, ex-assessor do ex-ministro da Saúde José Serra, criticou a política de custeio da gestão de que participou. "Não podemos ficar com falsas premissas, de que o brasileiro do Sul e Sudeste não pode custar mais para o sistema do que o do Norte e Nordeste."
Ele diz que tem esperança de que agora o governo federal petista revise valores repassados aos Estados, aumentando os recursos federais para o custeio destinados aos Estados do Sul e Sudeste. "No Sudeste e Sul temos uma infra-estrutura que, se não é ideal, é melhor. Consequentemente, o custeio do Sul e Sudeste tem de ser maior." Barata diz ainda que as regiões têm a população mais idosa, que mais custa ao sistema.
"Fazer justiça, como dizia Rui Barbosa, é tratar desiguais desigualmente".


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