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GOVERNO LULA
Para ministro da Justiça, não adianta ter penas altas se o tempo entre o delito e a condenação for grande
Bastos quer alterar Lei de Crimes Hediondos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, afirmou ontem
que a Lei de Crimes Hediondos, a
da Lavagem de Dinheiro e a do
Crime Organizado devem sofrer
mudanças. "A Lei de Crimes Hediondos não baixou a incidência
de nenhum dos crimes nela contemplados", disse o ministro.
Bastos afirmou que a filosofia
para mudar a legislação será a da
efetividade da punição. Segundo
o ministro, não adianta ter leis
com penas altas se o tempo entre
o crime e a condenação for grande. O importante para reduzir a
criminalidade seria o criminoso ir
efetivamente para a cadeia.
Nos últimos anos, disse ele, o
Congresso tem elaborado uma
"legislação de pânico": a cada crime de maior repercussão na mídia corresponderia um aumento
na pena relativa ao delito.
O ministro também pretende
estimular a construção de presídios de regime semi-aberto. Para
Bastos, o convívio de detentos
que cometeram diferentes tipos
de crime em um mesmo presídio
prejudica a recuperação deles.
A intenção do PT era transformar o atual Depen (Departamento Penitenciário Nacional) em
uma secretaria nacional para cuidar do tema. O órgão gerencia o
Fundo Penitenciário Nacional,
com verbas de loterias federais, e
estabelece convênios com os governos estaduais. Mas a idéia fracassou por contenção de gastos
na administração federal, segundo a Folha apurou.
Outro ponto da reforma seria
uma maior especialização e treinamento dos policiais, com investimento em inteligência, infiltração e manejo de informações. A
verba viria do Plano Nacional de
Segurança Pública (PNSP), cuja
destinação o governo pretende
fiscalizar mais. O objetivo do PT é
exigir contrapartida dos Estados
para a liberação do dinheiro.
Reforma do Judiciário
Bastos também pretende criar
uma secretaria nacional extraordinária para estudar a reforma do
Judiciário. A criação do novo órgão ainda vai passar pela análise
do Ministério do Planejamento.
O ministro convidou o advogado paulista Fabio Konder Comparato para estudar os principais
pontos da reforma do Judiciário
-anunciada como prioridade de
sua gestão na pasta.
Bastos adiantou que a reforma
deve contemplar mudanças na
atual legislação de processos e penal e alterações nos "braços do Estado" -o sistema penitenciário,
as polícias e o atendimento à população nos serviços judiciais.
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