São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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ÔNIBUS

Funcionários de 12 empresas pararam por falta de pagamento; prefeitura diz que viações forçaram paralisação

Primeira greve do ano prejudica 700 mil

PALOMA COTES
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo realizaram ontem paralisações em 12 empresas da cidade, por falta de pagamentos de salários e horas extras, e acabaram prejudicando cerca de 700 mil dos 3,7 milhões de passageiros do sistema, segundo a SPTrans (órgão que gerencia o transporte coletivo na cidade).
A greve foi perdendo força ao longo do dia, à medida que as empresas foram pagando o salário dos trabalhadores -o que deveria ter sido feito no último dia 5. Apenas os funcionários das viações Expresso Paulistano e Trolebus Aricanduva, que continuam sem pagamento, deverão manter a paralisação hoje.
Mas, segundo o Transurb (sindicato patronal), os atrasos nos pagamentos poderão continuar. Em nota oficial, o órgão afirmou que os problemas do sistema de transporte deverão se manter, pois o valor recebido pelas empresas não é adequado para honrar os compromissos firmados.
Já o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, culpou as empresas pela greve de ontem. O secretário classificou a greve como "o último suspiro" dos empresários que, segundo ele, "utilizaram os trabalhadores como instrumento de pressão sobre a prefeitura para tentar, pela última vez, aumentar a tarifa."

Tarifa maior

Esta foi a primeira greve do ano por atraso no pagamento, às vésperas do aumento da tarifa, no próximo domingo. Ela passará de R$ 1,40 para R$ 1,70 -reajuste de 21,42%, que supera a inflação acumulada desde maio de 2001, data do último aumento. O índice acumulado no período é de 13,79%, segundo a Fipe, e de 18,38%, de acordo com o Dieese.
Os empresários, que a princípio reivindicavam uma tarifa no valor de R$ 1,91, passaram a defender que ela fosse superior a R$ 2.
O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores, Edivaldo Santiago, disse que as críticas de Tatto aos empresários são a prova da falta de argumento para justificar o aumento da tarifa e a incompetência na administração do transporte da cidade. O Transurb não se manifestou.
Dez empresas foram autuadas pela SPTrans por deixarem de operar. O valor do auto de infração é de R$ 290 por linha, o que totaliza R$ 78.590 em autuações. Outras duas empresas, que recomeçaram a operar ainda na madrugada de ontem, serão autuadas por atrasos das linhas. O valor não foi divulgado pela SPTrans.

Transtornos

Medidas emergenciais foram tomadas pela SPTrans, como a liberação de faixas exclusivas e preferenciais de ônibus. O Paese (Plano de Apoio à Empresa em Situação de Emergência) foi acionado com 200 ônibus nas zonas sul e norte. Na zona leste -área mais prejudicada, com sete empresas paradas- a SPTrans não conseguiu acionar o plano. Havia apenas uma linha bairro-a-bairro, em operação conjunta entre o órgão e a cooperativa Coturb.
Na madrugada, houve depredações de 22 ônibus das empresas América do Sul e Cidade Tiradentes (zona leste), que estão sob intervenção da prefeitura.
Apesar da greve, não houve congestionamentos na cidade.


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