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ÔNIBUS
Funcionários de 12 empresas pararam por falta de pagamento; prefeitura diz que viações forçaram paralisação
Primeira greve do ano prejudica 700 mil
PALOMA COTES
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo realizaram ontem paralisações em 12 empresas
da cidade, por falta de pagamentos de salários e horas extras, e
acabaram prejudicando cerca de
700 mil dos 3,7 milhões de passageiros do sistema, segundo a
SPTrans (órgão que gerencia o
transporte coletivo na cidade).
A greve foi perdendo força ao
longo do dia, à medida que as empresas foram pagando o salário
dos trabalhadores -o que deveria ter sido feito no último dia 5.
Apenas os funcionários das viações Expresso Paulistano e Trolebus Aricanduva, que continuam
sem pagamento, deverão manter
a paralisação hoje.
Mas, segundo o Transurb (sindicato patronal), os atrasos nos
pagamentos poderão continuar.
Em nota oficial, o órgão afirmou
que os problemas do sistema de
transporte deverão se manter,
pois o valor recebido pelas empresas não é adequado para honrar os compromissos firmados.
Já o secretário municipal dos
Transportes, Jilmar Tatto, culpou
as empresas pela greve de ontem.
O secretário classificou a greve como "o último suspiro" dos empresários que, segundo ele, "utilizaram os trabalhadores como instrumento de pressão sobre a prefeitura para tentar, pela última
vez, aumentar a tarifa."
Tarifa maior
Esta foi a primeira greve do ano
por atraso no pagamento, às vésperas do aumento da tarifa, no
próximo domingo. Ela passará de
R$ 1,40 para R$ 1,70 -reajuste de
21,42%, que supera a inflação acumulada desde maio de 2001, data
do último aumento. O índice acumulado no período é de 13,79%,
segundo a Fipe, e de 18,38%, de
acordo com o Dieese.
Os empresários, que a princípio
reivindicavam uma tarifa no valor
de R$ 1,91, passaram a defender
que ela fosse superior a R$ 2.
O presidente do sindicato dos
motoristas e cobradores, Edivaldo Santiago, disse que as críticas
de Tatto aos empresários são a
prova da falta de argumento para
justificar o aumento da tarifa e a
incompetência na administração
do transporte da cidade. O Transurb não se manifestou.
Dez empresas foram autuadas
pela SPTrans por deixarem de
operar. O valor do auto de infração é de R$ 290 por linha, o que
totaliza R$ 78.590 em autuações.
Outras duas empresas, que recomeçaram a operar ainda na madrugada de ontem, serão autuadas por atrasos das linhas. O valor
não foi divulgado pela SPTrans.
Transtornos
Medidas emergenciais foram
tomadas pela SPTrans, como a liberação de faixas exclusivas e preferenciais de ônibus. O Paese (Plano de Apoio à Empresa em Situação de Emergência) foi acionado
com 200 ônibus nas zonas sul e
norte. Na zona leste -área mais
prejudicada, com sete empresas
paradas- a SPTrans não conseguiu acionar o plano. Havia apenas uma linha bairro-a-bairro,
em operação conjunta entre o órgão e a cooperativa Coturb.
Na madrugada, houve depredações de 22 ônibus das empresas
América do Sul e Cidade Tiradentes (zona leste), que estão sob intervenção da prefeitura.
Apesar da greve, não houve
congestionamentos na cidade.
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