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DIPLOMACIA
Itamaraty exige reciprocidade e tratamento "condigno" aos brasileiros; norte-americano vê discriminação a compatriotas
Brasil defende controle; Powell se queixa
ANDRÉ SOLIANI
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que o governo brasileiro sinalizou que poderá
manter a identificação obrigatória de norte-americanos que entram no país caso os Estados Unidos não revejam a decisão de fichar os brasileiros, o secretário de
Estado dos EUA, Colin Powell, ligou, à noite, para o ministro Celso
Amorim (Relações Exteriores)
para demonstrar a sua preocupação com a medida adotada pelo
Brasil desde o dia 1º.
Powell, segundo a assessoria de
imprensa do Itamaraty, se referiu
especificamente à demora do sistema de identificação brasileiro,
que está acarretando longas filas
de espera nos aeroportos.
Amorim, em tom cordial, respondeu ao secretário norte-americano que o Brasil "tem todo o interesse de trabalhar positivamente para encontrar uma solução
mutuamente satisfatória" nessa
questão, ainda de acordo com a
assessoria de imprensa.
Uma solução mutuamente satisfatória significa que o Brasil espera que os EUA também revejam a medida de identificar os
viajantes brasileiros.
O ministro brasileiro ponderou
com o secretário de Estado dos
EUA que, se foi possível excluir
"países jovens e distantes, mais
razão haveria para que os membros da OEA [Organização dos
Estados Americanos] pudessem
encontrar uma solução que aliviasse as preocupações e evitasse
constrangimentos". Brasil e EUA
são membros da OEA.
Nota
Antes do telefonema, Amorim
divulgou nota sobre o assunto, na
primeira manifestação oficial do
governo. Segundo o texto, na conversa que manteve anteontem
com a embaixadora norte-americana em Brasília, Donna Hrinak,
ele afirmou que a preocupação do
país é "assegurar tratamento condigno aos nacionais brasileiros".
Nos EUA, durante entrevista
coletiva, Powell se referiu à atitude adotada pelo Brasil como "discriminatória". Ainda defendeu a
regra adotada nos EUA no momento em que o país teme atentados terroristas. O Brasil foi o único país que adotou o princípio da
reciprocidade.
A decisão de colher as impressões digitais dos americanos foi
da Justiça Federal de Mato Grosso, que determinou o fichamento
como resposta à medida dos
EUA. Só cidadãos de 27 países, na
maioria europeus, são poupados
do procedimento nos EUA porque não precisam de visto para estadas inferiores a 90 dias.
O governo brasileiro pretende
recorrer da decisão judicial, pois
avalia que não cabe à Justiça deliberar sobre política externa. O recurso, já pronto, não foi apresentado ainda, pois o Itamaraty quer
ganhar tempo para convencer a
administração George Bush a incluir o Brasil na lista de países que
ficaram de fora da medida.
Com agências internacionais
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