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OPERAÇÃO CASTELINHO
Só depois de receber manifestação oficial a entidade irá decidir se inicia uma apuração sobre o caso
OEA pede explicação ao governo brasileiro
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo deu
mais um passo para que a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da OEA (Organização
dos Estados Americanos) apure a
chamada "Operação Castelinho"
e as ações do Gradi/PM (Grupo de
Repressão e Análise dos Delitos
de Intolerância), que infiltrava ilegalmente presos em quadrilhas
supostamente do PCC (Primeiro
Comando da Capital).
A organização internacional determinou, no dia 22 de dezembro,
um prazo de 60 dias para que o
governo brasileiro se manifeste
sobre a operação que provocou a
morte de 12 suspeitos de pertencer ao PCC em março de 2002.
Depois disso, a OEA decide se inicia uma apuração.
A abertura de caso foi solicitada
pelo presidente da comissão municipal e vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo. Se for aberto, o
Brasil pode ser condenado em
mais um caso de violação de direitos humanos, como ocorreu com
o massacre do Carandiru.
Segundo o Ministério Público,
que denunciou 53 policiais militares por homicídio triplamente
qualificado (motivo fútil, meio
cruel e emboscada), a PM e presos
infiltrados teriam inventado um
suposto roubo de avião e atraído
os suspeitos para serem mortos.
Segundo Beatriz Affonso, da comissão municipal, a decisão representa uma "pré-admissibilidade" da OEA. "Se os dados não fossem pertinentes, o governo brasileiro nem seria acionado", diz ela.
Em 2002, Bicudo pediu à OEA
medidas de segurança para presos que denunciaram o esquema.
"Mas as ameaças continuam."
Ele afirma que falta transparência na investigação. "O sigilo na
investigação sobre as autoridades
estaduais não faz sentido", diz. O
envolvimento de dois juízes, já
afastados, e do secretário da Segurança Pública, Saulo Castro de
Abreu Filho, é investigado pelo
Tribunal de Justiça.
A assessoria da Secretaria Especial de Direitos Humanos informou que o pedido da OEA está a
caminho. Uma equipe fará um levantamento com o governo paulista para elaborar a resposta.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota, que "as
investigações foram públicas e
acompanhadas por inúmeros organismos externos à polícia" e
que o pedido da OEA faz parte de
"procedimento meramente formal". "Salientamos que a ação policial no caso Castelinho foi legítima, todos os procedimentos foram respaldados por autorização
judicial e a operação foi similar a
centenas de outras precedentes,
todas julgadas legais", diz a nota.
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