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VIOLÊNCIA
Policiais descobriram um corpo, supostamente de um menino, após rapaz de 25 anos ser preso e admitir crimes
Jovem confessa ter assassinado 12 no Sul
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Civil do Rio Grande do
Sul começou ontem a reunir provas que corroboram as confissões
feitas por Adriano da Silva, 25, de
que ele teria matado 12 adolescentes no norte do Estado. Ele foi levado ainda ontem para a Penitenciária de Charqueadas (61 km de
Porto Alegre). Na penitenciária,
Silva será mantido afastado dos
demais presos para garantir a segurança dele.
Ao depor para quatro delegados
e dois promotores, Silva disse que
havia escondido um dos corpos
sob uma churrasqueira em uma
casa em Soledade.
A polícia descobriu no local indicado um cadáver em adiantado
estado de decomposição. O corpo
seria de Douglas Oliveira Hass, 10,
desaparecido desde abril de 2003.
Desde o início do ano passado,
pelo menos 13 jovens foram mortos ou desapareceram na região
de Passo Fundo (310 km de Porto
Alegre).
A confissão surpreendeu a Polícia Civil. Até agora, os investigadores preferiam tratar os casos
como não sendo interligados. De
acordo com os delegados envolvidos, os crimes têm poucas características em comum.
No depoimento à polícia, Silva
disse que "uma outra pessoa tomava conta" do corpo dele quando praticava os crimes. Segundo a
confissão, ele tinha "uma bobeira" que o impedia de evitar os assassinatos mesmo sabendo que
estava cometendo um crime.
"Eu sei que tenho uma dívida e
preciso pagá-la", disse Silva à polícia, de acordo com o delegado
Celso Rigatti, que coordenou o
depoimento.
Sobre as confissões de casos que
a polícia já dava como solucionados, Silva falou que "tem gente
inocente presa".
Prisão e provas
Silva foi preso anteontem, em
uma operação conjunta das polícias Civil e Militar do Estado, no
município de Maximiliano de Almeida (na divisa com Santa Catarina). Ele estava sendo caçado
desde a manhã de sábado por um
efetivo da Brigada Militar. De lá,
foi para Sananduva e depois para
Lagoa Vermelha.
O secretário-adjunto de Justiça
e Segurança do Estado, Fábio Medina Osório, afirmou que "é fundamental que mais provas sejam
conseguidas para reforçar as confissões. Apenas o que Silva disse
não é suficiente".
"Vamos conferir as confissões
feitas por Silva com perícias, exames de DNA e com as reconstituições dos crimes", afirmou Osório.
Fio de náilon
O delegado Rigatti disse que já
existem provas definitivas para ligar Silva com a morte de Daniel
Bernardi Lourenço, 13.
O adolescente, que era vendedor de picolés, foi estrangulado
com um fio de náilon. O corpo foi
encontrado na sexta-feira pela
Brigada Militar, em Sananduva.
Além das marcas deixadas pelo
estrangulamento, os médicos legistas encontraram indícios de
violência sexual no cadáver.
Rigatti, porém, disse que a coleta de mais provas é fundamental
antes que os demais assassinatos
confessados por Silva possam ser
dados como solucionados.
Para o psiquiatra do Hospital de
Clínicas de Porto Alegre e professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Paulo
Belmonte de Abreu "é preciso um
exame completo em Silva para saber de quais distúrbios ele pode
sofrer".
Abreu faz uma ressalva. "O
comportamento homicida não
necessariamente está ligado com
alguma patologia psiquiátrica. Ele
pode ter tudo, inclusive nada."
Silva deve ficar preso em Charqueadas por pelo menos 30 dias.
O prazo de um mês foi o estipulado para a sua prisão temporária.
Esse tempo pode ser prorrogado.
Revolta
A Polícia Civil teve de transferir
Silva de Sananduva para evitar
que ele fosse linchado pelos moradores. A notícia sobre a sua prisão se espalhou rapidamente pela
cidade, que tem cerca de 14 mil
habitantes. Aproximadamente
3.000 pessoas, segundo a polícia,
se aglomeraram em frente ao prédio da delegacia e ficaram aguardando sua chegada.
Devido ao clima tenso, ele foi
transferido para Lagoa Vermelha,
distante cerca de 50 quilômetros.
Silva começou a depor em Lagoa Vermelha por volta das 19h de
anteontem. Como entre as mortes
que Silva confessou está a de
Ederson Leite, 12, de Lagoa Vermelha, a polícia decidiu retirá-lo
da cidade.
Colaborou GERSON LOPES, free-lance
para a Agência Folha, em Passo Fundo
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