São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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Promotor usou a pistola ilegalmente

A pistola 9 mm com a qual Pedro Pereira matou o motoqueiro no sábado não é liberada para membros do Ministério Público

A arma usada em Moema não está em nome do promotor, segundo a Procuradoria Geral de Justiça, que investiga o caso

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O promotor Pedro Baracat Guimarães Pereira, 42, não tinha autorização para portar a pistola 9 mm, de uso exclusivo das Forças Armadas, com a qual matou o motoqueiro Firmino Barbosa, 30, no último sábado, em Moema (zona sul de São Paulo), segundo a Procuradoria Geral de Justiça, que investiga o caso. A arma também não estava em seu nome.
A Procuradoria Geral de Justiça -responsável por investigar crimes cometidos por promotores- não informou, no entanto, a quem pertence a pistola usada pelo promotor.
Pereira disparou pelo menos dez vezes contra o motoqueiro. O promotor afirmou à polícia a que foi vítima de uma tentativa de assalto quando estava com o carro parado em um semáforo.
Passou a disparar, segundo seu relato, quando o motoqueiro teria anunciado o assalto e levado mão à cintura como se fosse sacar uma arma.
De acordo o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, promotores têm direito a andar armados. Mas, segundo ele, as armas são as de uso permitido -revólveres, pistolas de menor calibre e até a pistola .40, desde que com autorização especial do procurador-geral.
Esse direito exclui a pistola 9 mm, de maior poder de fogo, que é de uso restrito da polícia e das Forças Armadas, de acordo com Pinho. O promotor pode ser responsabilizado pelo crime de porte ilegal de arma.
A polícia, por sua vez, não informa quando tiros atingiram o motoqueiro. A pistola 9 mm é semi-automática -o gatilho é sensível e a arma faz vários disparos por segundo.
"São necessários apenas três ou quatro segundos para fazer os dez disparos", diz o delegado Ruy Ferraz Fontes, que investiga outros supostos roubos cometidos pelo motoqueiro.
Há dois dias, a Folha tenta falar com o promotor. Ele não respondeu aos recados deixados no seu celular. Ontem, foi afastado do Grupo de Atuação de Controle Externo da Atividade Policial e voltou a atuar em uma Promotoria criminal.


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