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A Bom à Beça cai no samba sem rebolado e com mulheres vestidas
Escola de evangélicos desfila
no PR para converter infiéis
DEISE LEOBET
free-lance para a Agência Folha,
em Curitiba
Os 300 integrantes da escola
Bom À Beça, fiéis de 12 denominações evangélicas, desfilam
hoje em Curitiba, com a missão
de converter foliões pecadores.
Com o enredo ``A História de
Dois Reinos'', a escola pretende
mostrar a guerra entre Deus e o
diabo para as 50 mil pessoas.
``Estaremos cheios de alegria,
pregando a palavra de Deus'',
diz o pastor Alexandre José
Monteiro, da Igreja Ágape e
presidente da escola.
``Queremos converter os foliões para a nossa causa'', completa o pastor Alvo Waldow, da
Igreja dos Povos de Curitiba.
A escola sai com 15 alas, três
carros alegóricos e estandartes
com trechos bíblicos.
Os evangélicos prometem
surpresas: cordões de fiéis em
frente às arquibancadas, rezando, na passagem da escola.
A comissão de frente será formada por cerca de 20 fiéis. Serão
serafins e querubins tocando
trombetas e anunciando a chegada de Deus na avenida.
O primeiro carro leva símbolos da escola: a Bíblia, a Cruz e o
Peixe. Trará as cores oficiais da
escola: azul-royal e o amarelo.
Homens separados de Deus
integram a ala dos perdidos.
``São drogados, alcoólatras e
prostitutas'', explica o pastor.
Os perdidos serão acompanhados pela ala dos anjos guerreiros que lutam pela conversão.
A ala das baianas foi estudada.
Os evangélicos querem dissociá-la da imagem mística que
lembra os terreiros de candomblé. Vestidas com as cores do
arco-íris, as baianas levam cartazes com passagens bíblicas.
Outra surpresa promete ser a
madrinha da bateria. ``Nossa
madrinha será decente'', disse o
pastor Alvo Waldow.
Manifestações de sensualidade são condenadas. ``Desfilamos sem mostrar o corpo ou rebolar'', diz Tatiana Federige, 24,
porta-bandeira e membro da
Igreja dos Irmãos Menonitas.
O carro da Criação enfatiza a
importância da família. O encerramento acontecerá com a
passagem do carro da Redenção, onde uma cruz vazia ao lado de Jesus ressuscitado, vai
mostrar o caminho da salvação.
Os evangélicos não aspiram
chegar ao grupo A e não temem
perder pontos. ``Pela graça de
Deus conseguimos entrar na
avenida, mas não faremos nada
contra a religião'', diz Tatiana.
A divisão paranaense da Ordem dos Ministros Evangélicos
do Brasil (OMEB), formada por
pastores, distribui um manifesto condenando a participação
de evangélicos no Carnaval.
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