São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997.

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A Bom à Beça cai no samba sem rebolado e com mulheres vestidas
Escola de evangélicos desfila no PR para converter infiéis

DEISE LEOBET
free-lance para a Agência Folha,

em Curitiba Os 300 integrantes da escola Bom À Beça, fiéis de 12 denominações evangélicas, desfilam hoje em Curitiba, com a missão de converter foliões pecadores.
Com o enredo ``A História de Dois Reinos'', a escola pretende mostrar a guerra entre Deus e o diabo para as 50 mil pessoas.
``Estaremos cheios de alegria, pregando a palavra de Deus'', diz o pastor Alexandre José Monteiro, da Igreja Ágape e presidente da escola.
``Queremos converter os foliões para a nossa causa'', completa o pastor Alvo Waldow, da Igreja dos Povos de Curitiba.
A escola sai com 15 alas, três carros alegóricos e estandartes com trechos bíblicos.
Os evangélicos prometem surpresas: cordões de fiéis em frente às arquibancadas, rezando, na passagem da escola.
A comissão de frente será formada por cerca de 20 fiéis. Serão serafins e querubins tocando trombetas e anunciando a chegada de Deus na avenida.
O primeiro carro leva símbolos da escola: a Bíblia, a Cruz e o Peixe. Trará as cores oficiais da escola: azul-royal e o amarelo.
Homens separados de Deus integram a ala dos perdidos. ``São drogados, alcoólatras e prostitutas'', explica o pastor. Os perdidos serão acompanhados pela ala dos anjos guerreiros que lutam pela conversão.
A ala das baianas foi estudada. Os evangélicos querem dissociá-la da imagem mística que lembra os terreiros de candomblé. Vestidas com as cores do arco-íris, as baianas levam cartazes com passagens bíblicas.
Outra surpresa promete ser a madrinha da bateria. ``Nossa madrinha será decente'', disse o pastor Alvo Waldow.
Manifestações de sensualidade são condenadas. ``Desfilamos sem mostrar o corpo ou rebolar'', diz Tatiana Federige, 24, porta-bandeira e membro da Igreja dos Irmãos Menonitas.
O carro da Criação enfatiza a importância da família. O encerramento acontecerá com a passagem do carro da Redenção, onde uma cruz vazia ao lado de Jesus ressuscitado, vai mostrar o caminho da salvação.
Os evangélicos não aspiram chegar ao grupo A e não temem perder pontos. ``Pela graça de Deus conseguimos entrar na avenida, mas não faremos nada contra a religião'', diz Tatiana.
A divisão paranaense da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil (OMEB), formada por pastores, distribui um manifesto condenando a participação de evangélicos no Carnaval.

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