São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

Verde e rosa mostrou enredo confuso e várias mudanças; Salgueiro foi a escola que mais esquentou o sambódromo na primeira noite

Mesmo rica, Mangueira não empolga

DA SUCURSAL DO RIO

E DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Contando com R$ 4,5 milhões de patrocínio (da Petrobras e da Eletrobrás), a Mangueira veio com a riqueza esperada, mas com muito menos criatividade e alegria do que o habitual. O samba não empolgou, o enredo sobre energia se mostrou confuso na avenida e as novidades do carnavalesco Max Lopes não provocaram o impacto sonhado por ele.
As seis alas verticalizadas (grupos com duas fantasias diferentes, um de cada lado da pista) não se mostraram bonitas nem eficientes. A troca do verde e do rosa por dourado, lilás e outras cores não deu maior beleza à escola e enfraqueceu sua identidade. O melhor momento foi a comissão de frente, trazendo baluartes da escola sambando e saudando a platéia.
A idéia antiteatral, remetendo a antigas comissões, conseguiu emocionar. Apesar da pouca beleza da alegoria de um surdo (instrumento de percussão) de onde saía Delegado, o maior mestre-sala da história da escola.

Salgueiro esquenta
O Salgueiro foi a escola que mais esquentou o Sambódromo na primeira noite. O verbo é literal: com um enredo sobre fogo, Renato Lage caprichou na pirotecnia, criando carros que soltavam labaredas e usando cuspidores de fogo. A comissão de frente, com homens da caverna, foi outro destaque.
Waldemir Garcia, o Miro, e seu filho Waldemir Paes Garcia, o Maninho, foram homenageados. Patronos da escola e bicheiros, os dois morreram no ano passado.
A Mocidade, a primeira escola da noite, fez um desfile correto e eficiente sobre a cultura e a culinária italianas, mas não entusiasmou o público. Conhecida por sua ousadia, preferiu ser convencional e aboliu até a paradinha da bateria, recurso criado por seu lendário mestre André, hoje usado por quase todas as escolas.
A diretoria decidiu acabar com ele pelo fato de a escola ter perdido pontos no quesito nos últimos anos.

Samba no pé
Mais uma vez desfilando com fantasias e alegorias simples, o Império Serrano se destacou pela garra de seus componentes e pelas boas doses de samba no pé de passistas como Quitéria Chagas, 24, a rainha da escola.
Mas o objetivo é apenas ficar no Grupo Especial. "O Império fez o que sabe: brincar, desfilar com alegria", festejou o carnavalesco Ilvamar Magalhães.
Com um enredo difícil de cativar, sobre a soja (feito para atrair patrocinadors do ramo), a Tradição fez um desfile frio e sonha apenas em não ser rebaixada. Já a Unidos de Vila Isabel, que entrou na avenida com o dia amanhecendo, conseguiu animar em vários momentos as arquibancadas semivazias. Mérito maior do samba do que do enredo, sobre os mares e a construção naval.
Mas problemas no último carro e a correria no final abriram buracos no desfile. A escola perderá pontos em alegorias, evolução e conjunto.
Joãosinho não pôde assistir ao Carnaval, que desenvolveu, por estar internado depois de um segundo derrame. Ele teve seu nome lembrando pela Vila Isabel antes do desfile.


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