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CARNAVAL
Vice-campeã do ano passado, escola apostou em efeitos criativos e na teatralização das alas; parada de carro pode causar perda de pontos
Unidos da Tijuca repete sucesso de 2004
DA SUCURSAL DO RIO
E DOS ENVIADOS ESPECIAIS
Em uma noite que teve Mocidade Independente sem paradinha
da bateria, Salgueiro do carnavalesco Renato Lage sem futurismo
e Mangueira com pouco verde e
rosa, o maior destaque foi a escola
que repetiu sua fórmula de sucesso. Repetiu não; radicalizou.
Sensação do ano passado, quando conquistou o vice-campeonato, a Unidos da Tijuca voltou a
impressionar o público do Sambódromo na primeira das duas
noites do desfile das escolas de
samba do Rio. A escola foi a quinta a entrar na avenida.
Com uma alegoria humana como a que utilizou no ano passado,
mais teatralização em alas e alegorias e novos efeitos criativos, e não
luxuosos, o carnavalesco Paulo
Barros conseguiu dar um passo
além no processo há muito em
curso de transformação das escolas de samba em megacompanhias teatrais.
Neste processo, o samba é só
um detalhe, mas até ele ajudou a
Tijuca. Com um refrão eficiente,
ajudado pelas palmas coreografadas dos componentes, a escola foi
a única a levantar em alguns momentos as arquibancadas. Até um
coro de "já ganhou!" surgiu no
fim de desfile.
O enredo de Barros, "Entrou
por um lado, saiu pelo outro...
Quem quiser que invente outro!",
sobre lugares e personagens imaginários, já sugeria algum tipo de
teatralização.
Comissão de frente
E essa teatralização veio logo na
comissão de frente: pessoas fantasiadas de Dom Quixote sobre
uma estrutura representando um
moinho, do qual saíam outros
personagens citados no enredo da
escola, como Drácula, Visconde
de Sabugosa e um habitante do
Planeta dos Macacos.
Logo depois, a alegoria humana
com 247 pessoas formando um
pavão agradou, mas já não conseguiu surpreender, porque era um
bis inferior do carro do DNA do
ano passado.
"Foi um filão que eu descobri e
ainda está muito recente. Por isso,
resolvi usar o mesmo recurso",
justifica Barros.
Drácula
Maior impacto tiveram outros
carros da escola, como o do castelo de Drácula, em que 50 homens
entravam e saíam de caixões de
forma precisamente simultânea, e
o do purgatório, com 150 pessoas
seminuas. Com menos gente, mas
ainda mais criatividade, o carro
de Oz trouxe uma escultura do
Homem de Lata toda feita com
panelas.
Por ironia, a única alegoria a dar
problema foi a mais tradicional: o
carro de Shangri-lá, no qual veio a
velha guarda da escola, parou em
frente ao primeiro módulo de jurados e só voltou a andar depois
que um pequeno buraco foi aberto no desfile, o que pode causar
perda de pontos.
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