São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

Vice-campeã do ano passado, escola apostou em efeitos criativos e na teatralização das alas; parada de carro pode causar perda de pontos

Unidos da Tijuca repete sucesso de 2004

DA SUCURSAL DO RIO

E DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Em uma noite que teve Mocidade Independente sem paradinha da bateria, Salgueiro do carnavalesco Renato Lage sem futurismo e Mangueira com pouco verde e rosa, o maior destaque foi a escola que repetiu sua fórmula de sucesso. Repetiu não; radicalizou.
Sensação do ano passado, quando conquistou o vice-campeonato, a Unidos da Tijuca voltou a impressionar o público do Sambódromo na primeira das duas noites do desfile das escolas de samba do Rio. A escola foi a quinta a entrar na avenida.
Com uma alegoria humana como a que utilizou no ano passado, mais teatralização em alas e alegorias e novos efeitos criativos, e não luxuosos, o carnavalesco Paulo Barros conseguiu dar um passo além no processo há muito em curso de transformação das escolas de samba em megacompanhias teatrais.
Neste processo, o samba é só um detalhe, mas até ele ajudou a Tijuca. Com um refrão eficiente, ajudado pelas palmas coreografadas dos componentes, a escola foi a única a levantar em alguns momentos as arquibancadas. Até um coro de "já ganhou!" surgiu no fim de desfile.
O enredo de Barros, "Entrou por um lado, saiu pelo outro... Quem quiser que invente outro!", sobre lugares e personagens imaginários, já sugeria algum tipo de teatralização.

Comissão de frente
E essa teatralização veio logo na comissão de frente: pessoas fantasiadas de Dom Quixote sobre uma estrutura representando um moinho, do qual saíam outros personagens citados no enredo da escola, como Drácula, Visconde de Sabugosa e um habitante do Planeta dos Macacos.
Logo depois, a alegoria humana com 247 pessoas formando um pavão agradou, mas já não conseguiu surpreender, porque era um bis inferior do carro do DNA do ano passado.
"Foi um filão que eu descobri e ainda está muito recente. Por isso, resolvi usar o mesmo recurso", justifica Barros.

Drácula
Maior impacto tiveram outros carros da escola, como o do castelo de Drácula, em que 50 homens entravam e saíam de caixões de forma precisamente simultânea, e o do purgatório, com 150 pessoas seminuas. Com menos gente, mas ainda mais criatividade, o carro de Oz trouxe uma escultura do Homem de Lata toda feita com panelas.
Por ironia, a única alegoria a dar problema foi a mais tradicional: o carro de Shangri-lá, no qual veio a velha guarda da escola, parou em frente ao primeiro módulo de jurados e só voltou a andar depois que um pequeno buraco foi aberto no desfile, o que pode causar perda de pontos.


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