São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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Três pessoas morrem em chacina em Arujá

Dois homens e uma mulher foram assassinados com tiros na cabeça; parentes dizem que as vítimas não tinham ligação

Uma das vítimas tinha três empregos, segundo a família; desde o início do ano ocorreram sete chacinas no Estado de São Paulo

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Três pessoas morreram na sétima chacina do ano no Estado, anteontem, em Arujá, na Grande São Paulo. Dois homens e uma mulher foram assassinados com tiros na cabeça. Parentes dizem que as vítimas não tinham nenhuma ligação.
O crime ocorreu às 21h30 da quarta-feira de cinzas, em uma esquina do bairro Rodrigo Barreto, debaixo de chuva fraca. Segundo testemunhas contaram à polícia, dois homens de boné desceram de um carro branco, atiraram, voltaram ao veículo e fugiram.
Ontem, os vizinhos não queriam falar do assunto. Só diziam ter ouvido muitos tiros. Os policiais socorreram as vítimas, mas todas chegaram mortas ao pronto-socorro. Eles também apreenderam uma moto e um tubo com cocaína.
Até a noite de ontem, só os dois homens haviam sido identificados. Um deles é o eletricista Ronaldo Rodrigues da Silva, 23, que era acusado de homicídio e já esteve preso por tráfico de drogas, mas foi absolvido.
O pai dele, João Rodrigues Silva, 53, dono de um brechó, disse que o filho estava fora da cadeia havia quatro meses. "Quando cheguei em casa à noite, minha mulher falou que ele tinha ligado dizendo para fritar um bife que ele estava chegando. Só meia-noite a gente soube o que aconteceu." Para Silva, a principal suspeita é de que o crime tenha sido cometido por policiais. "Tratavam ele que nem bandido mesmo."
O outro homem, Carlos Eduardo Vieira, 27, era motoboy e trabalhava em três locais diferentes. Casado, com um filho de 1 ano, não tinha antecedentes criminais. "Ele era trabalhador, só devia ter parado naquele lugar por causa da chuva", disse o cunhado, Edcarlos Alberto da Silva Lima, 28.
O pai, Benedito Antonio Vieira, 53, conta que o filho estava em três empregos para construir uma casa no terreno que havia comprado recentemente. "A gente não sabe o que aconteceu, mas com certeza ele não tinha nada com isso", disse.
A terceira vítima é uma mulher, que aparentava cerca de 30 anos e não tinha documentos. Até ontem, seu corpo estava no IML de Guarulhos. A polícia ainda não tem suspeitos.
Com esses três assassinatos, sobe para 26 o número de mortos em chacinas neste ano em São Paulo -22% do total de 117 registrados em 2007.
A primeira, na zona norte da capital, aconteceu logo depois da morte do coronel que comandava a PM na região, José Hermínio Rodrigues, em 17 de janeiro. Foram sete mortos, além de dois feridos.
Ainda em janeiro, outra chacina deixou três mortos em Guarulhos. No Guarujá, foram duas, com seis mortos e, em Itapevi, mais uma com três mortos. Durante o Carnaval, quatro integrantes da mesma família foram mortos em São José dos Campos.


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