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Tradição x Inovação
Principais destinos do Nordeste durante o Carnaval, Bahia e Pernambuco adotam estratégias opostas para atrair os foliões
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Principais destinos do Nordeste durante o Carnaval e rivais na disputa por quem faz a
melhor festa, Bahia e Pernambuco adotam estratégias opostas para atrair os foliões aos
seus Estados. Enquanto os
baianos apostam na criatividade e inovação, os pernambucanos jogam todas as suas fichas
na manutenção da tradição.
Neste ano, em Salvador, a
música eletrônica ganhará
mais espaço na folia, avançando sobre o axé nos blocos e nos
camarotes.
Já em Recife e Olinda, o frevo
e o maracatu mantêm o domínio no Carnaval de rua das cidades pernambucanas.
Na capital baiana, a principal
atração da cena eletrônica, o DJ
francês Bob Sinclar, dos hits
"World, Hold On" e "Love Generation", desfilará sábado no
bloco Praficar/Salvador, no circuito Dodo (Barra).
Também foram confirmados
no mesmo circuito a cantora
italiana Moony e os DJs Kaskade, Tocadisco, Laidback Luke e
Ferry Corsten. A maioria dos
camarotes também contratou
DJs para a folia.
Em Recife, o sábado é dia do
Galo da Madrugada, o maior
bloco carnavalesco do mundo,
de acordo com "Guinness
Book", o livro dos recordes.
A agremiação, com aproximadamente 30 trios elétricos
orientados a tocar apenas ritmos pernambucanos, leva cerca de 1,5 milhão de foliões para
as ruas da cidade.
A abertura oficial do Carnaval na capital pernambucana,
entretanto, ocorrerá um dia antes, na sexta, com a apresentação de 700 batuqueiros de 17
grupos de maracatu, regidos
pelo percussionista Naná Vasconcelos, no Marco Zero.
Para este ano, foram criados
16 polos de folia em Recife, onde se apresentarão músicos locais e artistas nacionais, como
Alceu Valença, Antonio Carlos
Nóbrega, Lenine, Nação Zumbi, Otto e Quinteto Violado.
Como ocorre todos os anos,
em todos os shows, e também
nas ruas de Recife e Olinda, não
haverá cobrança de ingresso.
No Carnaval de Pernambuco,
não existem abadás e cordões
de isolamento nos blocos.
Na Bahia, mesmo com abadás que custam até R$ 890 por
dia, os blocos de axé music com
Chiclete com Banana, Ivete
Sangalo, Asa de Águia e Claudia
Leitte, continuam a ser os mais
procurados pelos foliões, arrastando quase 2 milhões de pessoas em três circuitos.
Na "guerra de números" entre os Estados, a Bahia estima
que receberá 500 mil visitantes
durante todos os dias de Carnaval. Em Pernambuco, por sua
vez, são esperadas 700 mil pessoas no período.
Crise de identidade
Autor de estudos sobre o
Carnaval, o historiador Milton
Araújo Moura, da Universidade
Federal da Bahia, acredita que a
festa baiana sofre de "crise de
identidade", porque os blocos
de trios elétricos "botam na rua
a música que quiserem".
"A música eletrônica não tem
espaço garantido no Carnaval
baiano. É mais a novidade pela
novidade, e não a inserção do
eletrônico na música ou na cultura baiana", afirmou.
Para ele, os circuitos oficiais
de Pernambuco conseguem
manter os tradicionais frevo e
maracatu em razão de uma
"política cultural definida".
"O Centro Histórico de Olinda é quase como um templo do
frevo, os foliões têm como uma
relação religiosa e lúdica com a
preservação da cultura, como
se eles fossem responsáveis pela pureza do local", disse.
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