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TRADIÇÃO
Pela primeira vez Armandinho, Dodô e Osmar não se apresentam na praça Castro Alves
Barra rouba do centro baiano as atrações do encontro de trios
DANIELA FALCÃO
enviada especial a Salvador
No ano em que o trio elétrico
comemora 50 anos de idade, o
Carnaval baiano vai passar por
outra revolução.
Pela primeira vez na história, o
encontro de trios na praça Castro
Alves, na madrugada de hoje, não
contará com a presença de Moraes Moreira, Gilberto Gil nem do
trio elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar.
Insatisfeitos com o número excessivo de trios que disputaram o
chão da praça no encontro de 99,
Armandinho e Moraes criaram
uma dissidência e vão fazer um
encontro no Farol da Barra.
Gilberto Gil, que tem um camarote exatamente em frente ao farol, também vai trocar a praça
Castro Alves pela Barra. Para Armandinho, a mudança de local
não vai descaracterizar o evento.
"O Carnaval de Salvador já cresceu o suficiente para que dois encontros de trios aconteçam simultaneamente. Não estamos acabando com o evento na praça
Castro Alves. Só preferimos tocar
em outro local", afirma.
O encontro de trios é um tipo de
hapenning, que começa nas primeiras horas da madrugada de
Quarta-Feira de Cinzas e vai até as
8h. Os caminhões são estacionados estrategicamente nas laterais
da praça (agora no Farol) e o povo
se espreme no meio. Embora não
haja acerto prévio, cada trio toca
uma ou duas músicas por vez para que todos se apresentem.
Por ser a principal e mais tradicional atração do encontro, o trio
de Armandinho Dodô e Osmar
faz o papel de anfitrião e sempre
termina tocando por mais tempo.
Em 99, trios menos experientes
ignoraram o ritual e não deixaram os filhos do criador do trio
elétrico comandar o espetáculo.
Arrastão
Com a transferência das principais estrelas do encontro de trios
da praça Castro Alves para o farol,
o circuito Barra-Ondina roubou
definitivamente do centro o privilégio de encerrar os sete dias de
Carnaval em Salvador.
Até 1992, a festa na cidade acabava por volta das 7h, quando os
trios que passavam a madrugada
tocando juntos na praça Castro
Alves iam embora.
Em 93, Carlinhos Brown decidiu sair com a Timbalada pelas
ruas da Barra no início da manhã
da Quarta Feira de Cinzas, prorrogando o fim da festa.
Aos poucos, o arrastão da Timbalada foi atrasando o horário da
saída. Também aumentaram a
extensão do trajeto percorrido, fazendo com que a festa só acabasse
no meio da tarde.
No ano passado, a prefeitura
tentou, sem sucesso, encerrar a
festa ao meio-dia. Ivete Sangalo
também colocou seu trio Maderada nas ruas da Barra e a festa só
acabou no entardecer da quarta.
Brown e Sangalo repetirão a dobradinha neste ano. E os foliões
que ainda tiverem energia terão
outra surpresa: a banda Asa de
Águia criou um minitrio, apelidado de "trivela elétrica", que fará um
encerramento alternativo, na
praia de Piatã.
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