São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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TRADIÇÃO
Pela primeira vez Armandinho, Dodô e Osmar não se apresentam na praça Castro Alves
Barra rouba do centro baiano as atrações do encontro de trios

DANIELA FALCÃO
enviada especial a Salvador

No ano em que o trio elétrico comemora 50 anos de idade, o Carnaval baiano vai passar por outra revolução.
Pela primeira vez na história, o encontro de trios na praça Castro Alves, na madrugada de hoje, não contará com a presença de Moraes Moreira, Gilberto Gil nem do trio elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar.
Insatisfeitos com o número excessivo de trios que disputaram o chão da praça no encontro de 99, Armandinho e Moraes criaram uma dissidência e vão fazer um encontro no Farol da Barra.
Gilberto Gil, que tem um camarote exatamente em frente ao farol, também vai trocar a praça Castro Alves pela Barra. Para Armandinho, a mudança de local não vai descaracterizar o evento.
"O Carnaval de Salvador já cresceu o suficiente para que dois encontros de trios aconteçam simultaneamente. Não estamos acabando com o evento na praça Castro Alves. Só preferimos tocar em outro local", afirma.
O encontro de trios é um tipo de hapenning, que começa nas primeiras horas da madrugada de Quarta-Feira de Cinzas e vai até as 8h. Os caminhões são estacionados estrategicamente nas laterais da praça (agora no Farol) e o povo se espreme no meio. Embora não haja acerto prévio, cada trio toca uma ou duas músicas por vez para que todos se apresentem.
Por ser a principal e mais tradicional atração do encontro, o trio de Armandinho Dodô e Osmar faz o papel de anfitrião e sempre termina tocando por mais tempo.
Em 99, trios menos experientes ignoraram o ritual e não deixaram os filhos do criador do trio elétrico comandar o espetáculo.

Arrastão
Com a transferência das principais estrelas do encontro de trios da praça Castro Alves para o farol, o circuito Barra-Ondina roubou definitivamente do centro o privilégio de encerrar os sete dias de Carnaval em Salvador.
Até 1992, a festa na cidade acabava por volta das 7h, quando os trios que passavam a madrugada tocando juntos na praça Castro Alves iam embora.
Em 93, Carlinhos Brown decidiu sair com a Timbalada pelas ruas da Barra no início da manhã da Quarta Feira de Cinzas, prorrogando o fim da festa.
Aos poucos, o arrastão da Timbalada foi atrasando o horário da saída. Também aumentaram a extensão do trajeto percorrido, fazendo com que a festa só acabasse no meio da tarde.
No ano passado, a prefeitura tentou, sem sucesso, encerrar a festa ao meio-dia. Ivete Sangalo também colocou seu trio Maderada nas ruas da Barra e a festa só acabou no entardecer da quarta.
Brown e Sangalo repetirão a dobradinha neste ano. E os foliões que ainda tiverem energia terão outra surpresa: a banda Asa de Águia criou um minitrio, apelidado de "trivela elétrica", que fará um encerramento alternativo, na praia de Piatã.


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