São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


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PERNAMBUCO
Encontro de bonecos gigantes, programado para durar duas horas, teve uma hora de duração
Chuva reduz desfile de bonecos em Olinda

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Olinda

A forte chuva que atingiu Olinda ontem reduziu à metade o tempo de desfile de um dos mais bonitos e esperados eventos do Carnaval de Pernambuco, o encontro dos bonecos gigantes.
Previsto para começar às 11h, o desfile só teve início às 12h25, mesmo assim debaixo de garoa. "Se não saísse aquela hora, não sairia mais", disse Sílvio Botelho, o organizador do evento.
Segundo ele, os contratos com as três bandas de frevo que animaram a festa terminava às 14h. Depois disso, os músicos já estariam trabalhando para outras pessoas na cidade, de acordo com o organizador.
Na pressa para concluir o percurso de quatro quilômetros, a fila indiana composta por cerca de 80 bonecos chegou a se dividir em duas.
A primeira parte foi obrigada a parar na rua para aguardar a chegada do segundo bloco.

Animação
O desfile, que deveria durar duas horas, acabou em uma. Mesmo assim, não faltou animação. A passagem dos gigantes pelas ladeiras de Olinda foi saudada com gritos e aplausos.
Blocos espalhados pelos becos do centro histórico se uniram para acompanhar as evoluções dos personagens.
Os bonecos fizeram reverências ao público e balançaram os braços ao som do frevo.
Como tradicionalmente ocorre, o Homem da Meia-Noite, o mais antigo boneco de Olinda, seguiu à frente, escoltado de perto por outros famosos, como o Capiba.
O boneco John Travolta desfilou este ano vestido com roupas portuguesas típicas do século 16, em homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil, segundo Botelho.

Origem
Figuras tradicionais do Carnaval de Olinda, os bonecos gigantes surgiram na Europa, possivelmente na Idade Média. Serviam, na época, para acompanhar procissões, cortejos populares ou comemorações locais.
Em Pernambuco, o primeiro deles foi criado em 1919, no município de Belém do São Francisco, sertão do Estado. Foi batizado com o nome de Zé Pereira.
Em Olinda, o Homem da Meia-Noite foi o pioneiro. Desfilou pela primeira vez na cidade em 1932. A figura foi criada pelos irmãos Benedito e Sebastião Bernardino da Silva.
Segundo Silvio Botelho, criador de mais de 400 bonecos, os primeiros personagens tinham estrutura de madeira e de gesso e pesavam até 50 quilos. Os atuais bonecos, feitos com materiais como isopor, fibra e alumínio, pesam em torno de 15 quilos.

Preços
Para confeccionar cada boneco, que mede 3,20 m de altura, Botelho utiliza cerca de 15 metros de tecido.
Cada peça custa entre R$ 1.000 e R$ 5.000. O preço depende do material utilizado na confecção do boneco.
A pessoa que conduz o personagem é conhecida por "chapeado". A estrutura interna que ele manobra nas ruas é o que garante a movimentação e o equilíbrio de todo o conjunto.


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