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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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RS tem santa dos amores contrariados

DA AGÊNCIA FOLHA

A crendice e o período político conturbado vivido no Rio Grande do Sul no final do século 19 serviram para vitaminar a história de Maria Degolada, venerada como santa dos amores contrariados.
Maria Francelina Trenes, 21, foi assassinada pelo amante, Bruno Soares Bicudo, soldado da Brigada Militar (PM gaúcha), em 1899. Depois de uma discussão por motivos fúteis, o soldado Brum, como era conhecido, a degolou.
O local do crime, na época chamado de Morro do Hospício, atual Vila Maria da Conceição, atrai romarias. Os fiéis pedem a aproximação de casais e curas milagrosas. Como oferenda, depositam véus de noiva, flores e velas.
Já Maria Conceição de Barros, conhecida como a santa da gravidez impossível, morta em 1928, arrasta cerca de 2.400 pessoas por mês até o cemitério da Saudade, em Franca (SP). "Aqui, 99% do movimento é em torno dessa sepultura", disse o administrador do cemitério, Leondenizio Alves.
Ela teria sido uma prostituta da capital paulista que engravidou de um estudante de família tradicional de Franca. Ao procurá-lo na cidade, a família dele teria mandado matá-la.
O processo judicial que está no arquivo histórico, no entanto, afirma que ela se suicidou.
No mesmo cemitério foi enterrado o ex-namorado de Barros, Nhozinho Junqueira. O local é conhecido como "o túmulo que chora". "Corre uma água incessantemente do túmulo dele para o dela", disse o diretor do arquivo histórico, José Chiachiri.
Outra "santa" cultuada pela tradição popular é Maria Izilda de Castro, a menina Izildinha, "o anjo do Senhor", que morreu aos 14 anos em Portugal.
Em 1958, quando seu corpo foi exumado para ser transferido de São Paulo para Monte Alto, constatou-se que ainda estava intato, dando origem à crença.
A menina Ana Lídia Braga, morta aos sete anos, também atrai devotos para o cemitério Campo da Esperança, em Brasília (DF), onde está enterrada. Ela teria sido sequestrada, violentada e morta em 1973.
Envolto em mistério está o culto à "alma milagrosa", no cemitério da Saudade, em Franca. Na sepultura não consta nome nem data, mas os fiéis acreditam que se trata de uma escrava morta no final do século passado de maneira cruel.


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