|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RS tem santa dos amores contrariados
DA AGÊNCIA FOLHA
A crendice e o período político
conturbado vivido no Rio Grande
do Sul no final do século 19 serviram para vitaminar a história de
Maria Degolada, venerada como
santa dos amores contrariados.
Maria Francelina Trenes, 21, foi
assassinada pelo amante, Bruno
Soares Bicudo, soldado da Brigada Militar (PM gaúcha), em 1899.
Depois de uma discussão por motivos fúteis, o soldado Brum, como era conhecido, a degolou.
O local do crime, na época chamado de Morro do Hospício,
atual Vila Maria da Conceição,
atrai romarias. Os fiéis pedem a
aproximação de casais e curas milagrosas. Como oferenda, depositam véus de noiva, flores e velas.
Já Maria Conceição de Barros,
conhecida como a santa da gravidez impossível, morta em 1928,
arrasta cerca de 2.400 pessoas por
mês até o cemitério da Saudade,
em Franca (SP). "Aqui, 99% do
movimento é em torno dessa sepultura", disse o administrador
do cemitério, Leondenizio Alves.
Ela teria sido uma prostituta da
capital paulista que engravidou
de um estudante de família tradicional de Franca. Ao procurá-lo
na cidade, a família dele teria
mandado matá-la.
O processo judicial que está no
arquivo histórico, no entanto,
afirma que ela se suicidou.
No mesmo cemitério foi enterrado o ex-namorado de Barros,
Nhozinho Junqueira. O local é conhecido como "o túmulo que
chora". "Corre uma água incessantemente do túmulo dele para o
dela", disse o diretor do arquivo
histórico, José Chiachiri.
Outra "santa" cultuada pela tradição popular é Maria Izilda de
Castro, a menina Izildinha, "o anjo do Senhor", que morreu aos 14
anos em Portugal.
Em 1958, quando seu corpo foi
exumado para ser transferido de
São Paulo para Monte Alto, constatou-se que ainda estava intato,
dando origem à crença.
A menina Ana Lídia Braga,
morta aos sete anos, também atrai
devotos para o cemitério Campo
da Esperança, em Brasília (DF),
onde está enterrada. Ela teria sido
sequestrada, violentada e morta
em 1973.
Envolto em mistério está o culto
à "alma milagrosa", no cemitério
da Saudade, em Franca. Na sepultura não consta nome nem data,
mas os fiéis acreditam que se trata
de uma escrava morta no final do
século passado de maneira cruel.
Texto Anterior: Padres da cidade divergem sobre a santidade Próximo Texto: Canonização dura décadas Índice
|