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Tráfico financiaria supostas ações
ALLAN DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
A Procuradoria Geral de Justiça
suspeita que o suposto grupo de
extermínio formado por policiais
civis e militares de Ribeirão Preto
(SP) seja financiado pelo tráfico
de drogas, por quadrilhas de roubo de cargas e comerciantes.
"A disputa por mercado entre
os traficantes é muito intensa, e
essas pessoas se aproveitam disso
para ganhar dinheiro", afirmou o
assessor de direitos humanos da
Procuradoria, Carlos Cardoso.
Segundo ele, no entanto, a suspeita maior recai sobre a proteção
que eles dariam a pequenos e médios comerciantes, em troca de
uma "taxa" mensal.
Uma terceira forma de financiamento utilizada, embora com menor frequência, seria o roubo de
cargas e de veículos. Esse teria sido o motivo pelo qual a casa do
delegado da DIG (Delegacia de
Investigações Gerais) Paulo Pereira de Paula foi alvo de um atentado em 5 de abril de 2002, segundo
a Promotoria de Ribeirão Preto.
O delegado vinha fazendo muitas apreensões de cargas roubadas e prisões de envolvidos. Isso
teria desagradado o grupo, que
decidiu metralhar sua casa e jogar
uma granada na garagem. Os pais
do delegado ficaram feridos.
No dia 25 daquele mês, João
Paulo Alves Silva, um dos envolvidos no atentado, teria dito ao
delegado no anexo do 1º DP que o
crime fora encomendado por policiais. Na madrugada do dia seguinte, Silva apareceu morto na
cela. O delegado nega que o caso
tenha relação com o grupo.
A Promotoria e as corregedorias das polícias Civil e Militar,
que investigam o caso, afirmam
ter uma lista de 17 policiais suspeitos de integrar o grupo. Entre
os envolvidos estariam delegados,
conforme a Folha apurou.
"É uma hipótese com a qual trabalhamos", disse Cardoso.
A Procuradoria e as corregedorias das polícias Civil e Militar
produziram a lista com base em
depoimentos de 250 testemunhas
sobre cerca de 20 homicídios no
município ocorridos desde 2001.
O diretor do Deinter-3 (Departamento de Polícia Judiciária do
Interior), Luiz Roberto Ramada
Spadafora, negou a existência do
grupo e a participação de delegados em crimes na cidade. "Até
agora, não tenho nenhum dado
concreto que aponte para isso."
Um suposto cemitério clandestino também é investigado. O corregedor da Polícia Civil de Ribeirão não acredita nessa hipótese.
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