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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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Tráfico financiaria supostas ações

ALLAN DE ABREU
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

A Procuradoria Geral de Justiça suspeita que o suposto grupo de extermínio formado por policiais civis e militares de Ribeirão Preto (SP) seja financiado pelo tráfico de drogas, por quadrilhas de roubo de cargas e comerciantes.
"A disputa por mercado entre os traficantes é muito intensa, e essas pessoas se aproveitam disso para ganhar dinheiro", afirmou o assessor de direitos humanos da Procuradoria, Carlos Cardoso.
Segundo ele, no entanto, a suspeita maior recai sobre a proteção que eles dariam a pequenos e médios comerciantes, em troca de uma "taxa" mensal.
Uma terceira forma de financiamento utilizada, embora com menor frequência, seria o roubo de cargas e de veículos. Esse teria sido o motivo pelo qual a casa do delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) Paulo Pereira de Paula foi alvo de um atentado em 5 de abril de 2002, segundo a Promotoria de Ribeirão Preto.
O delegado vinha fazendo muitas apreensões de cargas roubadas e prisões de envolvidos. Isso teria desagradado o grupo, que decidiu metralhar sua casa e jogar uma granada na garagem. Os pais do delegado ficaram feridos.
No dia 25 daquele mês, João Paulo Alves Silva, um dos envolvidos no atentado, teria dito ao delegado no anexo do 1º DP que o crime fora encomendado por policiais. Na madrugada do dia seguinte, Silva apareceu morto na cela. O delegado nega que o caso tenha relação com o grupo.
A Promotoria e as corregedorias das polícias Civil e Militar, que investigam o caso, afirmam ter uma lista de 17 policiais suspeitos de integrar o grupo. Entre os envolvidos estariam delegados, conforme a Folha apurou.
"É uma hipótese com a qual trabalhamos", disse Cardoso.
A Procuradoria e as corregedorias das polícias Civil e Militar produziram a lista com base em depoimentos de 250 testemunhas sobre cerca de 20 homicídios no município ocorridos desde 2001.
O diretor do Deinter-3 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), Luiz Roberto Ramada Spadafora, negou a existência do grupo e a participação de delegados em crimes na cidade. "Até agora, não tenho nenhum dado concreto que aponte para isso."
Um suposto cemitério clandestino também é investigado. O corregedor da Polícia Civil de Ribeirão não acredita nessa hipótese.


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