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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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VIOLÊNCIA

Abreu Filho admitiu a possibilidade de haver envolvimento de policiais de Ribeirão Preto, mas afirmou que "é coisa isolada"

Secretário suspeita de grupo de extermínio

CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, admitiu ontem a possibilidade de haver um grupo de extermínio com policiais militares e civis em Ribeirão Preto.
Abreu Filho, porém, procurou minimizar o caso, afirmando que "é coisa isolada de dois ou três [policiais"". Ele também ressalvou que a cúpula da polícia na cidade "não está envolvida".
A Promotoria Criminal de Ribeirão Preto e as corregedorias das polícias Civil e Militar começaram a apurar o caso em agosto do ano passado, quando receberam denúncias de envolvimento de policiais em pelo menos 20 assassinatos na cidade só em 2002. O Ministério Público possui uma lista com 17 policiais suspeitos de integrar o grupo e apura a existência de um cemitério clandestino para esconder corpos de vítimas.
Apesar de as investigações estarem em andamento desde agosto, o secretário disse que tomou conhecimento das denúncias somente em janeiro deste ano, quando foi procurado por dois promotores de Ribeirão Preto.
O procurador-geral de Justiça, Luiz Antonio Guimarães Marrey, disse que em 30 de outubro as corregedorias das polícias foram informadas das investigações do Ministério Público.
Há um mês, segundo o secretário, numa reunião da qual participaram os promotores que investigam o caso, o delegado-geral, o comandante-geral da PM e os corregedores das duas polícias, ele constituiu uma força-tarefa, integrada inclusive pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), para aprofundar as investigações.
O procurador-geral estranhou a constituição da força-tarefa. "Não tenho conhecimento disso."
Marrey elogiou o ex-corregedor da Polícia Civil Roberto Maurício Genofre, afastado do cargo na semana passada. Genofre foi substituído por Rui Estanislau Mello, que já tinha sido corregedor antes e pedira demissão em dezembro de 2001, dizendo-se "traído" pelo Ministério Público numa investigação sobre a atuação de policiais civis na cracolândia.
O procurador-geral evitou comentar se a troca na corregedoria pode atrapalhar as investigações. "Não posso ter essa presunção." Ele disse que Mello esteve anteontem na Procuradoria-Geral de Justiça, "numa visita de cortesia". "Demonstrei minha preocupação para que não houvesse interrupção nas investigações."
O secretário da Segurança Pública voltou a afirmar que a saída de Genofre não tem nada a ver com o caso. "Foi estratégica", disse ele. Ontem também foi afastado o delegado operacional da Ouvidoria, Marcos Carneiro, que trabalhava com Genofre.


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