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VIOLÊNCIA
Abreu Filho admitiu a possibilidade de haver envolvimento de policiais de Ribeirão Preto, mas afirmou que "é coisa isolada"
Secretário suspeita de grupo de extermínio
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, admitiu ontem a
possibilidade de haver um grupo
de extermínio com policiais militares e civis em Ribeirão Preto.
Abreu Filho, porém, procurou
minimizar o caso, afirmando que
"é coisa isolada de dois ou três
[policiais"". Ele também ressalvou que a cúpula da polícia na cidade "não está envolvida".
A Promotoria Criminal de Ribeirão Preto e as corregedorias
das polícias Civil e Militar começaram a apurar o caso em agosto
do ano passado, quando receberam denúncias de envolvimento
de policiais em pelo menos 20 assassinatos na cidade só em 2002.
O Ministério Público possui uma
lista com 17 policiais suspeitos de
integrar o grupo e apura a existência de um cemitério clandestino
para esconder corpos de vítimas.
Apesar de as investigações estarem em andamento desde agosto,
o secretário disse que tomou conhecimento das denúncias somente em janeiro deste ano,
quando foi procurado por dois
promotores de Ribeirão Preto.
O procurador-geral de Justiça,
Luiz Antonio Guimarães Marrey,
disse que em 30 de outubro as
corregedorias das polícias foram
informadas das investigações do
Ministério Público.
Há um mês, segundo o secretário, numa reunião da qual participaram os promotores que investigam o caso, o delegado-geral, o
comandante-geral da PM e os
corregedores das duas polícias,
ele constituiu uma força-tarefa,
integrada inclusive pelo DHPP
(Departamento de Homicídio e
Proteção à Pessoa), para aprofundar as investigações.
O procurador-geral estranhou a
constituição da força-tarefa. "Não
tenho conhecimento disso."
Marrey elogiou o ex-corregedor
da Polícia Civil Roberto Maurício
Genofre, afastado do cargo na semana passada. Genofre foi substituído por Rui Estanislau Mello,
que já tinha sido corregedor antes
e pedira demissão em dezembro
de 2001, dizendo-se "traído" pelo
Ministério Público numa investigação sobre a atuação de policiais
civis na cracolândia.
O procurador-geral evitou comentar se a troca na corregedoria
pode atrapalhar as investigações.
"Não posso ter essa presunção."
Ele disse que Mello esteve anteontem na Procuradoria-Geral de
Justiça, "numa visita de cortesia".
"Demonstrei minha preocupação
para que não houvesse interrupção nas investigações."
O secretário da Segurança Pública voltou a afirmar que a saída
de Genofre não tem nada a ver
com o caso. "Foi estratégica", disse ele. Ontem também foi afastado o delegado operacional da Ouvidoria, Marcos Carneiro, que
trabalhava com Genofre.
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