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Governo espanhol já estuda pedir visto a brasileiros
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Está em estágio preliminar,
no governo espanhol, um estudo para determinar se é conveniente ou não adotar a obrigatoriedade de visto de entrada
para brasileiros, como já acontece com nacionais de outros
países sul-americanos, como
Colômbia, Bolívia e Equador.
O visto, em tese, permitiria
uma triagem, no país de origem, do grande número de emigrantes que têm procurado a
Espanha e outros países europeus nos últimos anos.
O crescimento da migração
de brasileiros e latino-americanos em geral acaba provocando
uma situação de desconforto
entre as duas Chancelarias,
principalmente quando a Espanha barra a entrada de pessoas
que podem provar plenamente
que nem são delinqüentes nem
pretendem ficar no país.
É claramente o caso dos mestrandos do Iuperj (Instituto
Universitário de Pesquisas do
Rio de Janeiro), Patrícia Rangel
e Pedro Luiz Lima, barrados na
quarta-feira e devolvidos ao
Brasil, com chegada prevista
para ontem.
Os dois estavam a caminho
de Lisboa para um congresso
de Sociologia, primeiro evento
internacional de que participariam, o que só fez aumentar a
frustração e a irritação com o
incidente.
Mas o caso dos dois é apenas
uma pequena parte da história.
Na média do mês de fevereiro,
15 brasileiros a cada dia foram
"inadmitidos", conforme a terminologia oficial.
O número de barrados, no
entanto, só é conhecido dias
depois, quando as autoridades
espanholas informam oficialmente os consulados brasileiros de Madri ou Barcelona, os
dois pontos de entrada na Espanha. Como se trata de uma
decisão inapelável das autoridades de migração do aeroporto, o consulado nada pode fazer
a não ser solicitar, nas poucas
vezes em que é informado, um
tratamento digno aos barrados
-e mesmo assim nem sempre é
atendido.
Exigências
A Espanha exige de quem
chega a posse de 70 para cada
dia que pretende ficar; passagem de volta marcada; reserva
paga de hotel ou carta-convite
de um parente ou amigo quando o viajante ficará na casa destes. A carta-convite é um formulário que custa 101 (era
gratuito até recentemente).
Como é impraticável examinar a documentação de todos
os que desembarcam, faz-se
uma triagem absolutamente
aleatória. A maior desconfiança, de acordo com depoimento
de brasileiros residentes em
Madri, é sobre mulheres jovens
(até 30 ou 35 anos), desacompanhadas. São tidas como prostitutas.
O preconceito se apoia em
dados como os divulgados por
Jaume Perelló, diretor do Congresso sobre Prostituição e Direitos Humanos do governo
das ilhas Baleares (Palma de
Mallorca, Ibiza, Menorca e
Formentera): das 2.500 prostitutas que atuam só em Mallorca, 82% são brasileiras, conforme relata a BBC Brasil.
As brasileiras trabalham em
casas de luxo, ao lado de colombianas, dominicanas e européias do Leste. Para as africanas, fica o trabalho de prostituição na rua.
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