São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Governo espanhol já estuda pedir visto a brasileiros

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Está em estágio preliminar, no governo espanhol, um estudo para determinar se é conveniente ou não adotar a obrigatoriedade de visto de entrada para brasileiros, como já acontece com nacionais de outros países sul-americanos, como Colômbia, Bolívia e Equador.
O visto, em tese, permitiria uma triagem, no país de origem, do grande número de emigrantes que têm procurado a Espanha e outros países europeus nos últimos anos.
O crescimento da migração de brasileiros e latino-americanos em geral acaba provocando uma situação de desconforto entre as duas Chancelarias, principalmente quando a Espanha barra a entrada de pessoas que podem provar plenamente que nem são delinqüentes nem pretendem ficar no país.
É claramente o caso dos mestrandos do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), Patrícia Rangel e Pedro Luiz Lima, barrados na quarta-feira e devolvidos ao Brasil, com chegada prevista para ontem.
Os dois estavam a caminho de Lisboa para um congresso de Sociologia, primeiro evento internacional de que participariam, o que só fez aumentar a frustração e a irritação com o incidente.
Mas o caso dos dois é apenas uma pequena parte da história. Na média do mês de fevereiro, 15 brasileiros a cada dia foram "inadmitidos", conforme a terminologia oficial.
O número de barrados, no entanto, só é conhecido dias depois, quando as autoridades espanholas informam oficialmente os consulados brasileiros de Madri ou Barcelona, os dois pontos de entrada na Espanha. Como se trata de uma decisão inapelável das autoridades de migração do aeroporto, o consulado nada pode fazer a não ser solicitar, nas poucas vezes em que é informado, um tratamento digno aos barrados -e mesmo assim nem sempre é atendido.

Exigências
A Espanha exige de quem chega a posse de 70 para cada dia que pretende ficar; passagem de volta marcada; reserva paga de hotel ou carta-convite de um parente ou amigo quando o viajante ficará na casa destes. A carta-convite é um formulário que custa 101 (era gratuito até recentemente).
Como é impraticável examinar a documentação de todos os que desembarcam, faz-se uma triagem absolutamente aleatória. A maior desconfiança, de acordo com depoimento de brasileiros residentes em Madri, é sobre mulheres jovens (até 30 ou 35 anos), desacompanhadas. São tidas como prostitutas.
O preconceito se apoia em dados como os divulgados por Jaume Perelló, diretor do Congresso sobre Prostituição e Direitos Humanos do governo das ilhas Baleares (Palma de Mallorca, Ibiza, Menorca e Formentera): das 2.500 prostitutas que atuam só em Mallorca, 82% são brasileiras, conforme relata a BBC Brasil.
As brasileiras trabalham em casas de luxo, ao lado de colombianas, dominicanas e européias do Leste. Para as africanas, fica o trabalho de prostituição na rua.


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