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Portos precários ameaçam cruzeiros no NE
Terminais em Salvador e Fortaleza não têm segurança para bagagens nem salas de espera e balcões de check-in adequados
Sem boa estrutura, empresa
cancela temporada de navio
na região; passageiros terão
de embarcar no Sudeste, o
que deve encarecer viagens
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Os turistas de cruzeiros marítimos do Nordeste correm o
risco de ficar a ver navios. Instalações portuárias precárias,
falta de espaço nos píeres e falhas de segurança nos cais
ameaçam investimentos privados no setor. Por causa desses
problemas, a MSC Cruzeiros,
líder de mercado, cancelou a
próxima temporada de um navio na região.
Essa estrutura deficiente dos
terminais portuários nordestinos é listada pela Abremar (associação do setor). Faltam estruturas eficazes de check-in,
segurança para as bagagens e
salas de espera de acordo com a
demanda de turistas.
Em Salvador, os passageiros
fazem filas nas ruas para realizar o check-in porque a sala de
embarque não comporta a demanda. No cais de Fortaleza, os
turistas passam por áreas sujas
com restos de cargas.
Para o presidente da Abremar, Ricardo Amaral, os portos
do Nordeste podem perder os
navios para novos destinos internacionais, como Dubai e
Hong Kong, ou se tornarem
apenas escalas, o que obrigaria
os passageiros do Nordeste a
viajarem para o Sul e o Sudeste
para iniciar o cruzeiro -o que
vai encarecer os pacotes.
"Nós não precisamos de portos luxuosos, com piso de granito. Na Suécia, há estruturas
de embarque em tendas de lona
que são mais confortáveis que
os terminais sofríveis do Nordeste", disse Milton Sanches,
diretor de cruzeiros da CVC.
Após a primeira temporada
do MSC Melody na região, a
empresa decidiu cancelar o
próximo período da mesma
embarcação por falta de "condições adequadas de segurança
e conforto para o embarque e
desembarque" de turistas nos
portos do Nordeste.
No mês passado, o mesmo
navio saiu cinco horas antes do
previsto do porto de Fortaleza
e deixou quase cem passageiros
sem embarcar.
Os passageiros reclamam
que só foram avisados na chegada ao porto. Eles devem processar a MSC.
"Os motivos que levaram ao
cancelamento do MSC Melody
deixam claro que não é uma
questão isolada, mas sistêmica.
A região está perdendo uma janela para se desenvolver e consolidar o mercado de cruzeiros", afirmou Amaral.
Setor em alta
No país, o setor cresce 33%
ao ano. Nesta temporada, as
empresas levaram 760 mil passageiros, crescimento de 40%
em relação à temporada passada. As empresas não têm os números de quantos desses turistas saem do Nordeste.
"É desagradável, uma esculhambação ficar aguardando
para embarcar sem nenhuma
cobertura para sol ou chuva,
sem cadeira para sentar ou
mesmo segurança para nossas
bagagens", disse a empresária
Norma Costa, 47, que embarcou anteontem em Salvador.
Sem espaço na discussão do
destino dos investimentos, as
companhias marítimas temem
a repetição de projetos fracassados -em Recife, por exemplo, foi inaugurado um terminal de passageiros precário,
sem espaço para manobras
nem profundidade suficiente.
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