São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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EDUCAÇÃO

Ato da categoria reuniu 6.000 pessoas, segundo a PM; sindicato decide manter paralisação, que começou em 28 de março

Prefeitura diz que irá cortar ponto de professor grevista

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria de Gestão informou ontem que irá descontar os dias parados de professores e funcionários, que iniciaram uma greve no último dia 28 -a mais longa da categoria desde 1987. Apesar da ameaça, a categoria decidiu manter a paralisação.
"Espero que essa decisão seja revista, porque, se não houver pagamento dos dias parados, não haverá reposição de aulas", disse Cláudio Fonseca, do Simpeen (sindicato dos professores). A assembléia foi realizada na avenida Paulista, que ficou interditada por cerca de uma hora e meia no sentido Consolação.
A manifestação reuniu cerca de 6.000 pessoas, segundo a Polícia Militar. Após o ato no vão livre do Masp, houve uma passeata até a prefeitura, no centro. Segundo os organizadores, 20.000 pessoas participaram da manifestação.
A categoria reivindica um piso salarial de R$ 960. Hoje, o vencimento inicial dos professores é de R$ 509; para os com ensino superior, é de R$ 615.
Alegando dificuldades financeiras, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), afirmou ontem que a sua gestão vai manter a proposta já feita, de pagar uma antecipação de R$ 350 em julho, referente à gratificação de desempenho educacional, que estava prevista para ficar em R$ 165. "Esperamos que os professores tenham espírito público", disse o prefeito.
Esses valores foram rejeitados ontem na assembléia dos educadores. Ao colocar o tema em votação, o presidente do Sinpeem afirmou também que a greve pressionará a prefeitura para que não desconte o dia parado do salário dos manifestantes.
A categoria espera que a gestão Kassab faça uma nova proposta na próxima quarta-feira, quando está prevista uma rodada de negociação com os representantes de todos os servidores públicos municipais.
Segundo a entidade, 75% das escolas estão com as atividades totalmente ou parcialmente paradas. Já a prefeitura afirma que em 10% das unidades a greve é mais intensa, e em outros 10%, menos intensa; no restante, as atividades estão normais.

Outras manifestações
Os grevistas também marcaram ontem outras duas manifestações. A primeira será na terça-feira, em frente à Secretaria da Educação, na Vila Mariana (zona sul da cidade). A outra, na quarta, será em frente à Secretaria de Gestão, no centro, quando haverá nova assembléia.
Além da reivindicação salarial, a categoria pede mudanças no projeto São Paulo é uma Escola, implantado ainda na gestão José Serra (PSDB). O programa prevê atividades extracurriculares antes e depois das aulas.
O Sinpeem diz que esse projeto desestruturou programas já consolidados, como as salas de informática e as de leitura, além de não haver funcionários suficientes.
A Secretaria da Educação nega e diz que todas as atividades foram mantidas. Além disso, segundo a pasta, houve contratação de oficineiros para as atividades extracurriculares.

Trânsito
A manifestação dos professores fechou a avenida Paulista no sentido Consolação na altura do Masp, das 15h às 16h30. O trânsito ficou parado até a praça Oswaldo Cruz. Motoristas ficaram irritados com a interdição e buzinaram durante todo o tempo.
"Eles deveriam deixar algumas faixas livres. Muita gente precisa passar. Também há ambulâncias que passam por aqui", disse o estudante Gabriel Verea, 18, que demorou quase 20 minutos para andar dois quarteirões. "Isso aqui pára a cidade inteira. Eles têm o direito de se manifestar, mas deveria ser de outra forma", afirmou o taxista Ivaldo Cervelli, 35.
Após a assembléia na avenida Paulista, os manifestantes caminharam até o viaduto do Chá, interditando duas das quatro faixas da avenida Consolação. A manifestação acabou às 18h, em frente à prefeitura.


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