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Grifes de luxo marcam bazar com bens de megatraficante
Objetos apreendidos de Juan Carlos Ramírez Abadía serão vendidos em bazar beneficente
Em leilão, estarão objetos como um relógio Audemars Piguet, que foi avaliado em R$ 372,3 mil, automóveis e bicicletas Scott e Trek
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía
era um cabide ambulante de
grifes. Era comum andar de sapatos Dior, calça Zegna, camiseta Prada, relógio Breguet e
óculos de sol Cartier. Seu home
teather era Polka, uma das
marcas mais famosas do mundo. Ele dormia numa Auping, a
Rolls Royce das camas.
A partir de hoje esse mundo
de marcas estará à venda no
Jockey Club, num bazar que arrecadará fundos para entidades
beneficentes como a Fundação
Julita, o Asilo São Vicente de
Paulo e a Instituição Beneficente Israelita Ten Yad.
Os bens mais caros serão leiloados amanhã à noite no próprio Jockey Club. Entre outros
lotes, serão oferecidos jipes,
um relógio Audemars Piguet,
avaliado em US$ 219 mil (R$
372,3 mil), e bicicletas Scott e
Trek que custam R$ 15 mil novas. O lance mínimo será de
30% do valor de mercado.
É a primeira vez no país que a
Justiça determina a venda em
bazar de bens que foram de um
traficante. A decisão faz parte
da sentença do juiz federal
Fausto de Sanctis, que condenou Abadía a 30 anos de prisão.
O juiz decidiu ainda entregar
dez veículos que eram de Abadía a entidades beneficentes.
A maioria das peças que será
vendida no bazar é usada e, portanto, não tem garantia. Há, porém, um número razoável de
bens que nunca foram usados,
segundo Lucien Belmonte, presidente da Fundação Julita,
que organizou o bazar junto
com outras entidades.
"O Abadía não tem nenhuma
roupa ou eletrodoméstico que
não seja de grife. Se tem uma
TV, é uma Sony Bravia. Se é
uma camiseta, é uma Dolce &
Gabbana", conta Belmonte.
Nunca foram usados, por
exemplo, dois pares de sapatos
Armani masculinos -um Louis
Vuitton e um Gucci. O preço de
cada par será de R$ 300.
A quantidade de peças é tão
grande que os organizadores
não sabem exatamente quantas
são. Há 910 lotes, mas há lotes
que têm 200 peças. Serão vendidas 170 camisetas masculinas
(de R$ 15 a R$ 25) e 260 femininas. Há 50 óculos escuros, entre os quais Dior e Cartier (R$
120 os mais caros).
Da mulher do traficante, Yessica, serão vendidas dez bolsas.
Há ainda mais de uma dezenas
de peças com imagens da Hello
Kitty, entre cadeira, luminária,
lixeira e telefone. Yessica era
fanática por Hello Kitty. Abadía escondia em imagens da gatinha, transmitidas por e-mail
do Brasil, mensagens de voz
com ordens para traficar e até
para matar, como a Folha revelou em 10 de março. A técnica é
igual à que a Al Qaeda usou para preparar os atentados de 11
de setembro de 2001.
O traficante é acusado de ter
ordenado a morte de 310 pessoas -300 das quais na Colômbia e o restante nos EUA. Segundo o DEA (a polícia antidrogas dos EUA), sua fortuna
atinge US$ 1,8 bilhão.
ONDE - Jockey Club (av. Lineu de
Paula Machado, 599, Cidade Jardim)
O bazar funciona de hoje a domingo, das 12h às 20h; o leilão será
amanhã, a partir das 20h30
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