São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Grifes de luxo marcam bazar com bens de megatraficante

Objetos apreendidos de Juan Carlos Ramírez Abadía serão vendidos em bazar beneficente

Em leilão, estarão objetos como um relógio Audemars Piguet, que foi avaliado em R$ 372,3 mil, automóveis e bicicletas Scott e Trek

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O megatraficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía era um cabide ambulante de grifes. Era comum andar de sapatos Dior, calça Zegna, camiseta Prada, relógio Breguet e óculos de sol Cartier. Seu home teather era Polka, uma das marcas mais famosas do mundo. Ele dormia numa Auping, a Rolls Royce das camas.
A partir de hoje esse mundo de marcas estará à venda no Jockey Club, num bazar que arrecadará fundos para entidades beneficentes como a Fundação Julita, o Asilo São Vicente de Paulo e a Instituição Beneficente Israelita Ten Yad.
Os bens mais caros serão leiloados amanhã à noite no próprio Jockey Club. Entre outros lotes, serão oferecidos jipes, um relógio Audemars Piguet, avaliado em US$ 219 mil (R$ 372,3 mil), e bicicletas Scott e Trek que custam R$ 15 mil novas. O lance mínimo será de 30% do valor de mercado.
É a primeira vez no país que a Justiça determina a venda em bazar de bens que foram de um traficante. A decisão faz parte da sentença do juiz federal Fausto de Sanctis, que condenou Abadía a 30 anos de prisão. O juiz decidiu ainda entregar dez veículos que eram de Abadía a entidades beneficentes.
A maioria das peças que será vendida no bazar é usada e, portanto, não tem garantia. Há, porém, um número razoável de bens que nunca foram usados, segundo Lucien Belmonte, presidente da Fundação Julita, que organizou o bazar junto com outras entidades.
"O Abadía não tem nenhuma roupa ou eletrodoméstico que não seja de grife. Se tem uma TV, é uma Sony Bravia. Se é uma camiseta, é uma Dolce & Gabbana", conta Belmonte.
Nunca foram usados, por exemplo, dois pares de sapatos Armani masculinos -um Louis Vuitton e um Gucci. O preço de cada par será de R$ 300.
A quantidade de peças é tão grande que os organizadores não sabem exatamente quantas são. Há 910 lotes, mas há lotes que têm 200 peças. Serão vendidas 170 camisetas masculinas (de R$ 15 a R$ 25) e 260 femininas. Há 50 óculos escuros, entre os quais Dior e Cartier (R$ 120 os mais caros).
Da mulher do traficante, Yessica, serão vendidas dez bolsas. Há ainda mais de uma dezenas de peças com imagens da Hello Kitty, entre cadeira, luminária, lixeira e telefone. Yessica era fanática por Hello Kitty. Abadía escondia em imagens da gatinha, transmitidas por e-mail do Brasil, mensagens de voz com ordens para traficar e até para matar, como a Folha revelou em 10 de março. A técnica é igual à que a Al Qaeda usou para preparar os atentados de 11 de setembro de 2001.
O traficante é acusado de ter ordenado a morte de 310 pessoas -300 das quais na Colômbia e o restante nos EUA. Segundo o DEA (a polícia antidrogas dos EUA), sua fortuna atinge US$ 1,8 bilhão.


ONDE - Jockey Club (av. Lineu de Paula Machado, 599, Cidade Jardim) O bazar funciona de hoje a domingo, das 12h às 20h; o leilão será amanhã, a partir das 20h30

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