São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Empresa já se mobiliza por pedágio urbano

CCR, principal concessionária de rodovias do país, manifestou abertamente interesse em um projeto do tipo em São Paulo

Cidade já segue diretrizes favoráveis a um futuro pedágio urbano e mobiliza grupos com interesse nesse mercado bilionário

ALENCAR IZIDORO
ENVIADO A BUENOS AIRES

Sem que nada tenha sido anunciado ou seja admitido oficialmente, a cidade de São Paulo começou a seguir diretrizes favoráveis a um futuro pedágio urbano e já mobiliza interessados nesse mercado bilionário.
O cenário para uma eventual cobrança nos próximos anos envolve ações de preparação da infra-estrutura e para atenuar a resistência à taxação do carro.
Por exemplo, duas medidas programadas para logo depois das eleições municipais de 2008: a cobrança de tarifa para rodar no trecho oeste do Rodoanel e a instalação de chips em toda a frota paulistana -que permitem a identificação automática dos veículos.
A articulação de grupos privados atraídos para a possível lucratividade de um pedágio urbano não é mais mistério.
A CCR, principal concessionária de rodovias do país, manifesta-se abertamente interessada em um projeto do tipo na capital paulista. O grupo destaca há mais de dois anos seus executivos para avaliar os sistemas existentes pelo mundo.
"O pedágio no Rodoanel é um modelo mais próximo que a gente tem hoje de um início de cobrança em um trecho bastante urbano", afirma Harald Zwetkoff, gerente de novos negócios da CCR, que venceu a concessão para cobrar uma tarifa de R$ 1,17 no trecho oeste. "O tráfego urbano é um mercado a ser desenvolvido", diz.
A proposta de pedágio urbano na marginal Tietê ou para entrar no centro é rejeitada por até 74% da população, conforme pesquisa do Datafolha.
Mas, implantada em lugares como Londres e Estocolmo, virou atração crescente tanto de técnicos como de administradores de estradas -a ponto de ser destaque de um evento da IBTTA (associação internacional de concessionárias de rodovias com pedágio) acompanhado pela Folha na última semana em Buenos Aires.
Em São Paulo, a principal crítica à medida está ligada à própria deficiência do transporte público da cidade para que seja opção ao automóvel. Porém a restrição se aproxima do estudos e análises políticas.
Dario Rais Lopes, ex-secretário dos Transportes no governo Geraldo Alckmin (PSDB), foi à Argentina estudar de perto as propostas de pedágio urbano.
Motivo: foi contratado por um líder do PTB, tradicional aliado dos tucanos, para sugerir um pacote de melhorias no transporte para São Paulo -e que embutem ações como a cobrança em áreas urbanas.
"O pedágio urbano não é a solução da lavoura, mas tem que fazer parte de um conjunto de medidas", defende Lopes.


O jornalista viajou a convite da CCR


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