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Procuradoria investiga operação do Exército
Ministério Público Federal apura suspeita de abusos, como toque de recolher e agressões, em busca a fuzis roubados no interior de SP
Procurador quer verificar se Força tem ou não autorização judicial para permanecer nas ruas em São José dos Campos, Caçapava e Taubaté
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal
de São Paulo investiga suspeitas de abusos praticados por
militares no Vale do Paraíba na
tentativa de recuperar sete fuzis roubados do quartel do
Exército de Caçapava (116 km
de São Paulo) há um mês.
Há a suspeita de que os soldados impuseram ilegalmente
um toque de recolher aos moradores de ao menos um bairro
-Campo dos Alemães, em São
José dos Campos- e chegaram
a agredir os "infratores". Segundo o MPF, os relatos surgiram na imprensa local.
O primeiro enfoque da apuração, afirma o procurador Fernando Lacerda Dias, 36, do
MPF de São José dos Campos, é
verificar se o Exército tem ou
não autorização judicial para
permanecer nas ruas -se constatada a falta de permissão, ele
acionará a Justiça para retirar
as tropas das ruas.
O próprio Exército admite
não ter autorização para ocupar as ruas; para os militares,
não se trata de ocupação, mas
de "pontos de controle".
Pela Constituição Federal e o
Código de Processo Penal Militar, os militares podem realizar
ações fora do quartel, mas durante investigação militar
-eles têm sua própria polícia.
Após realizar uma diligência ou
cumprir um mandado judicial,
devem retornar ao quartel, diz
o procurador. "Não me parece
que eles estavam em diligência", disse Dias, que percorreu
ruas de São José dos Campos.
A operação conta com cerca
de 700 homens, dois carros
blindados utilizados em guerras e dois helicópteros. Além de
São José, houve bloqueios em
Caçapava e Taubaté -o Exército não informou ontem se continua a ação nessas cidades.
Segundo o Exército, a operação mantém "pontos de controle", com cones e barricadas,
para evitar que as armas roubadas sejam transportadas para
fora da região.
Logo no início da ação, o Superior Tribunal Militar disse
que todas as operações militares fora dos quartéis, como esses "pontos de controle", precisam de autorização judicial. Depois, disse não poder se manifestar sobre o tema, pois ele estaria em andamento na Justiça.
Tráfico
A operação Ypiranga -o nome refere-se ao quartel roubado, que remonta à Proclamação
da Independência-, teve início
em 8 de março logo após cinco
homens armados invadirem o
quartel de Caçapava. O grupo
rendeu sete soldados que faziam sentinela e levaram seus
fuzis; dois deles foram agredidos a coronhadas.
Até ontem, o Exército só havia recuperado um cinto e uma
baioneta, levados com os fuzis.
Foram encontrados em um terreno de Guararema (Grande
SP). Até a conclusão desta edição, ninguém havia sido preso.
O Ministério Público Federal
encaminhou ao Exército pedido de informações com o prazo
de 20 de abril. Também pede
um posicionamento sobre a
permanência ou não das tropas.
Policiais que participam da
operação admitem que o principal motivo da ação é atrapalhar o tráfico de drogas nessas
áreas e forçar os traficantes a
delatar quem roubou as armas.
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