JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma festa sem música alta é o sonho de qualquer morador de condomínio. Nunca mais ter que chamar o Psiu.
Nunca mais perder o sono.
Até há pouco tempo, isso só seria possível em filmes de David Lynch, onde há musicais sem orquestra e cantoras que não abrem a boca, mas, na última terça, o bar Sonique promoveu sua primeira "silent party" (festa silenciosa).
Tendência na Europa, a festa reuniu três grupos de DJs, pessoas dançando loucamente, mas não havia música no ambiente. Os frequentadores estavam conectados a fones de ouvido sem fio com um seletor de canais musicais que permitiam trocar de DJ.
Para saber se estava agradando, a DJ Ana Flávia tinha que tirar os fones para saber qual o hit naquele momento, já que, em meio ao burburinho, ouviam-se refrões esparsos repetidos aos berros.
Executada no canal 1 do fone, "Have You Ever Seen the Rain", do Creedence, virou um minimalista "I wanna kno-ooow!!!!". Em outro canto, garotas imitavam os rebolados de Britney Spears, no ar no canal 3. "Põe no canal 2!", gritava uma garota aos amigos, que logo entravam em uníssono com "Psycho Killer", dos Talking Heads.
O psicólogo Marcos Samajauskas, 42, adorou a festa, mas fez uma ressalva: "Só tenho medo de que as pessoas comecem a trazer seus iPods.
Aí vira autismo". Bruno Fernandes dos Santos, 18, disse que sua mãe adoraria uma festa daquelas em casa. "Ela odeia minhas músicas..."

FOLHA ONLINE
Assista ao vídeo da festa Nokia Silent Club
www.folha.com.br/100974


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