São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

É preciso incentivar as escolhas saudáveis

DANIEL HENRIQUE BANDONI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Saúde traçam a (in)evolução do estilo de vida dos brasileiros.
O consumo de alimentos importantes para a prevenção de doenças e agravos não transmissíveis, como frutas, verduras, legumes e feijão, continua baixo e longe de alcançar as recomendações para uma alimentação saudável. Por outro lado, o consumo de refrigerantes, alimento fonte de açúcar e calorias, continua crescendo. O brasileiro continua sedentário.
Mas o que esses dados representam?
Em primeiro lugar, somados esses resultados com os de outros inúmeros estudos, que a alimentação do brasileiro está pior. Cada vez mais abandonamos os alimentos in natura e típicos da nossa cultura (como o arroz e o feijão), trocados por alimentos processados e prontos para o consumo.
Os dados de atividade física também são pouco animadores: o brasileiro é cada vez mais sedentário e passa suas horas livres em frente à televisão e ao computador.
Apesar das inúmeras ações desenvolvidas para promoção da alimentação saudável (como a Política Nacional de Alimentação e Nutrição), ainda precisamos fazer mais.
Além de reorientar todo o nosso sistema de saúde para a prevenção, utilizando políticas consolidadas como o Programa de Saúde da Família e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família, é preciso criar políticas e ações focadas no ambiente, organizando os espaços sociais, como escolas e locais de trabalho, para serem promotores de estilos de vida saudáveis.
Os dados que avaliaram as capitais ainda mostram outra necessidade: repensar toda a estrutura das cidades, para que a vida urbana possa facilitar as escolhas saudáveis, permitindo acesso fácil à atividade física e à alimentação saudável.
Infelizmente, boa parte das capitais convive com uma situação de desorganização urbana, onde os espaços são pensados para os carros, prédios, shoppings, e não como espaços para as pessoas.
Enfim, o Brasil tem um longo caminho no enfrentamento da atual epidemia de excesso de peso e doenças crônicas. O enfrentamento dessa realidade exige políticas e programas inovadores, que restrinjam a oferta e a propaganda de alimentos nocivos à saúde e criem ambientes que protejam e apoiem as escolhas saudáveis.


DANIEL HENRIQUE BANDONI é nutricionista e pesquisador do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP


Texto Anterior: Brasileiro come mais fruta e menos feijão
Próximo Texto: Foco: Tendência na Europa, festa "silenciosa" lota bar no centro de São Paulo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.