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ANÁLISE
É preciso incentivar as escolhas saudáveis
DANIEL HENRIQUE BANDONI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Os dados divulgados ontem
pelo Ministério da Saúde traçam a (in)evolução do estilo de
vida dos brasileiros.
O consumo de alimentos importantes para a prevenção de
doenças e agravos não transmissíveis, como frutas, verduras, legumes e feijão, continua
baixo e longe de alcançar as recomendações para uma alimentação saudável. Por outro
lado, o consumo de refrigerantes, alimento fonte de açúcar e
calorias, continua crescendo. O
brasileiro continua sedentário.
Mas o que esses dados representam?
Em primeiro lugar, somados
esses resultados com os de outros inúmeros estudos, que a
alimentação do brasileiro está
pior. Cada vez mais abandonamos os alimentos in natura e típicos da nossa cultura (como o
arroz e o feijão), trocados por
alimentos processados e prontos para o consumo.
Os dados de atividade física
também são pouco animadores: o brasileiro é cada vez mais
sedentário e passa suas horas
livres em frente à televisão e ao
computador.
Apesar das inúmeras ações
desenvolvidas para promoção
da alimentação saudável (como
a Política Nacional de Alimentação e Nutrição), ainda precisamos fazer mais.
Além de reorientar todo o
nosso sistema de saúde para a
prevenção, utilizando políticas
consolidadas como o Programa
de Saúde da Família e os Núcleos de Apoio à Saúde da Família, é preciso criar políticas e
ações focadas no ambiente, organizando os espaços sociais,
como escolas e locais de trabalho, para serem promotores de
estilos de vida saudáveis.
Os dados que avaliaram as
capitais ainda mostram outra
necessidade: repensar toda a
estrutura das cidades, para que
a vida urbana possa facilitar as
escolhas saudáveis, permitindo
acesso fácil à atividade física e à
alimentação saudável.
Infelizmente, boa parte das
capitais convive com uma situação de desorganização urbana, onde os espaços são pensados para os carros, prédios,
shoppings, e não como espaços
para as pessoas.
Enfim, o Brasil tem um longo
caminho no enfrentamento da
atual epidemia de excesso de
peso e doenças crônicas. O enfrentamento dessa realidade
exige políticas e programas
inovadores, que restrinjam a
oferta e a propaganda de alimentos nocivos à saúde e criem
ambientes que protejam e
apoiem as escolhas saudáveis.
DANIEL HENRIQUE BANDONI é nutricionista e
pesquisador do Departamento de Nutrição da
Faculdade de Saúde Pública da USP
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