São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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EDUCAÇÃO

Novo pacote de segurança nas escolas, anunciado ontem, prevê mais câmeras, vigias e carros da PM nas rondas

Plano de Alckmin inclui até revistar alunos

RENATO ESSENFELDER
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltando cinco meses para as eleições, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem seu pacote de segurança para as escolas, que inclui mais 471 carros de polícia, câmeras de TV, 2.000 vigias e até mesmo a possibilidade, admitida pelo secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, de revistar os alunos.
Paralelamente ao pacote, a 3ª Companhia do 1º BPM (Batalhão de Policiamento Militar) anunciou também ontem que pretende fazer um teste piloto com detectores de metal na porta das escolas do Capão Redondo (zona sul) na próxima semana. Quatro soldados, dois homens e duas mulheres, irão revistar todos os alunos do período noturno.
O teste será realizado em uma escola de nome não divulgado, na região do 1º BPM. Se der certo, a PM irá fazer blitze em toda a área, realizando a revista cada dia em uma escola diferente.
As medidas seguem a filosofia do secretário Abreu Filho. "Tudo aquilo que precisar ser feito para efeito de segurança pública vai ser feito. A polícia vai atuar dentro dos limites da lei, mas com toda a energia e eficácia que precisar".
Outras medidas previstas no pacote dizem respeito à ampliação de 1.970 para 3.970 unidades de ensino monitoradas por câmeras de TV, treinamento de professores para lidar com alunos problemáticos, reforma de portões e muros e ocupação de todas as 997 zeladorias vagas no Estado.

Por indicação
A Secretaria de Estado da Educação prevê contratar até o fim de junho 2.000 vigias em regime de urgência, sem concurso público.
Os candidatos serão indicados pela Associação de Pais e Mestres. O salário inicial será de R$ 510, e os profissionais serão treinados pela própria pasta da Segurança.
Já os 471 carros de polícia serão pintados com a designação "patrulha escolar". Com isso, diz Alckmin, a população poderá fiscalizar o uso correto dos veículos.
O custo de implantação das medidas será de R$ 98 milhões. O governador negou que tenha interesse eleitoral no pacote. Segundo ele, o governo vem intensificando o policiamento nas escolas há pelo menos três anos.

Violência
Neste ano, vários alunos foram assassinados em São Paulo, alguns até dentro das escolas.
Foi o caso de Fabiana dos Santos Silva, 17, morta na escola estadual Professora Celestina Burrol, em Santo André, no ABC paulista, no dia 3 de abril. O assassino, que atirou do portão da escola, fugiu.
Cléber Almeida do Carmo, 13, foi morto com cinco tiros em 14 de abril. Os estudantes Rafael Barbato da Silva, 19, e David Vieira da Silva, 18, foram baleados no último dia 17, no pátio da escola estadual Elói Lacerda (Osasco).
Os tiros teriam sido dados por um aluno que ficou irritado com uma brincadeira da dupla -eles estavam apagando e acendendo a luz do pátio. Na mesma escola, alunos disseram que tinham de pagar pedágio de até R$ 10 a traficantes para entrar no colégio.



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