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Pacote é visto com ressalvas
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de não conhecer com
profundidade o pacote de segurança para as escolas divulgado
ontem, especialistas ouvidos pela
Folha fizeram ressalvas às medidas anunciadas, como a possibilidade de revista dos alunos.
O gerente de Justiça e Segurança
Pública do Instituto Sou da Paz,
Davi Tangerino, acredita que o
endurecimento do governo na
questão da violência nas escolas
seja equivocado. "Há uma série de
riscos [no pacote". Um deles é a
reação violenta dos alunos", diz.
Tangerino classifica como "lastimável" a conduta do governo
para lidar com a questão. Para ele,
blitze e câmeras tendem a potencializar a violência dos alunos. Ele
diz também temer que as escolas
se tornem "fortalezas".
Para Leoberto Narciso Brancher, ex-presidente da Associação
Brasileira de Magistrados e Promotores de Justiça da Infância e
da Juventude, apesar de as medidas terem suporte legal, devem
ser tomadas com cautela.
"Do ponto de vista da legislação,
vale a regra geral de que a autoridade de segurança tem o poder de
revista", afirma. "A questão é de
que modo a polícia fará isso? Sabendo que nem sempre ela é totalmente confiável, há cautela. A
probabilidade de [o poder" se tornar abusivo é bastante grande."
"Não tenho dúvida de que a intenção de diminuir a violência seja importante, mas a política deve
respeitar a Constituição e o Estatuto da Criança e do Adolescente
e ser discutida pelo conselho correspondente", afirma Flariston
Francisco da Silva, presidente do
Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente.
Ele lembra que o estatuto pune
qualquer tipo de constrangimento ou situação vexatória a crianças
e adolescentes.
Segundo o coordenador do Ilanud (Instituto Latino-Americano
das Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do
Delinquente), Túlio Kahn, câmeras e detectores de metal não são
novidade nas escolas dos EUA.
Ainda assim, acha desnecessários o uso de detectores nas escolas de São Paulo, onde, de acordo
com ele, o porte de arma é raro.
Sobre as revistas, afirma que só
seriam possíveis no caso de suspeitas. "Revista preventiva, obviamente, não é possível. Só se houver denúncia de contravenção."
(ANA GABRIELA DICKSTEIN E RENATO ESSENFELDER)
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