São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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ANÁLISE

Investir no professor é a saída

GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA

Programas lançados em ano eleitoral produzem - e com fundadas razões- suspeitas, ainda mais quando envolvem temas tão emocionais como a violência, principal tema da eleição ao governo de São Paulo. Dificilmente o governador Geraldo Alckmin, ao lançar o programa de combate à violência nas escolas, conseguiria escapar de tal suspeita; até porque a viabilização daquelas idéias dependem de sua reeleição.
Teoricamente, porém, o plano faz sentido, menos pelo anúncio de medidas repressivas e mais pelas preventivas, que, porém, exigem mais tempo e mais recursos. Em vários países (e, inclusive, no Brasil), abrir as escolas nos finais de semana é uma experiência que tem enriquecido a comunidade com mais espaços para lazer.
Foi lançada uma idéia capaz de produzir maior respeito da comunidade pela escola: dar uma bolsa aos estudantes para reformar e preservar a própria escola, num programa de renda mínima vital nas áreas violentas.
O mais importante para combater a violência -e também o mais difícil- é capacitar o professor para transformar a escola num espaço de formação do cidadão, ajudando-o a desenvolver habilidades e responsabilidades.
O que significa, na prática, que o professor é um descobridor e estimulador de talentos. Exigem-se, assim, um novo professor e um novo currículo, mais voltado ao cotidiano e ao fazer.
Sem a mudança do professor e da valorização do espaço escolar, integrado pela comunidade, as câmeras e detectores de metal são inúteis -ou, pelo menos, úteis eleitoralmente.



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