São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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SEGURANÇA

Preso em sua casa, Celsinho da Vila Vintém faturava US$ 10 milhões ao mês com drogas, segundo a polícia

Rio prende o traficante mais procurado

Alexandre Campbell/Folha Imagem
Celsinho da Vila Vintém, líder da facção ADA, durante entrevista


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Traficante mais procurado pela polícia do Rio, Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, 40, foi preso na manhã de ontem por policiais da DRF (Delegacia de Roubos e Furtos) em sua casa que fica favela Vila Vintém, em Padre Miguel (zona oeste).
Líder da facção ADA (Amigo dos Amigos), assim como Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, preso no penitenciária Bangu 1 (zona oeste), Celsinho dominava o tráfico em 90% das favelas da zona oeste e faturava cerca de US$ 10 milhões por mês com o comércio de drogas, de acordo com a Polícia Civil.
Em entrevista após a prisão, Celsinho negou que o tráfico seja tão lucrativo. Ele afirmou que fatura R$ 50 mil por semana, o que considera "uma merreca".
Ele é o único traficante do Rio que se mantém no poder desde os anos 80. Segundo a polícia, ele está no tráfico há 19 anos.
Apesar de preso, Celsinho desafiou a polícia. Segundo o diretor da DRF, Alcides Iantorno, o criminoso disse que controlará o tráfico de dentro do presídio.
Por volta das 10h, dez agentes da DRF cercaram a casa do traficante e o prenderam. Segundo Iantorno, ao avistar os policiais, seguranças dispararam tiros para o alto na tentativa de desviar a atenção e facilitar a fuga de Celsinho.
O delegado disse que investigava o traficante havia três meses, após descobrir que ele comandava assaltos a bancos na zona oeste.
Celsinho foi levado para o presídio de segurança máxima Bangu 1 onde esteve preso entre 1995 e 1998. Ele ficará na mesma galeria de Uê. O presídio abriga outros criminosos famosos, como Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP.
Para a chefe de investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, Marina Magessi, a prisão de Celsinho representa o fim da ADA, pois os seus principais líderes estão presos.
"Todo o bando do Uê foi preso. Agora, sem o Celsinho, a ADA acabou, pelo menos na rua. Não tem mais nenhum representante solto", afirmou.
Segundo Marina, a prisão de Celsinho e de membros da quadrilha de Uê provocará uma guerra entre o CV (Comando Vermelho) e o TC (Terceiro Comando) pela domínio dos pontos-de-venda de drogas da ADA.
Além de Celsinho e dos chefiados por Uê, foram presos este ano três líderes do CV: Tchaca, Polegar e Aldair da Mangueira.
De acordo com Zaqueu Teixeira, as novas prioridades da polícia são as prisões de Paulo César dos Santos, o Linho, líder do TC, e Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, chefe do CV.
O comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, disse que a PM vai cercar a Vila Vintém e todos os outros redutos de Celsinho para reprimir uma guerra entre traficantes.
Condenado a 99 anos de prisão por tráfico, roubo de cargas, assalto e homicídio, Celsinho estava foragido desde 1998, quando escapou do Hospital Penitenciário. Existe a suspeita de que teria saído pela porta da frente da unidade, com a conivência de agentes penitenciários, que teriam recebido R$ 1 milhão. Cinco agentes suspeitos foram afastados.
Celsinho vem sendo investigado pela acusação de manter uma rede de informantes formada por policiais. Há um mês, quatro PMs do 14º Batalhão foram punidos com prisão administrativa porque foram acusados de fazer a segurança do traficante na festa de aniversário de sua filha em um clube em Realengo (zona oeste).
Ele teria fugido em um carro do 14º Batalhão após a chegada de policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais da PM).

Colaborou KARINE RODRIGUES, free-lance para a Folha


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