São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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Sob nova gestão, polícia fez 27 prisões

DA SUCURSAL DO RIO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pouco mais de um mês depois de Benedita da Silva (PT) ter assumido o governo do Rio, a Secretaria Estadual da Segurança Pública, em parceria com a PF (Polícia Federal), já prendeu 16 membros do bando de Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, líder da facção ADA (Amigo dos Amigos), e mais 11 acusados de atuar no tráfico, o principal deles Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém.
Questionado se a troca de comando das polícias Civil e Militar teria favorecido a captura de Celsinho, o secretário da Segurança Pública, Roberto Aguiar, disse que sim. "Houve uma mudança na mentalidade. Passamos a valorizar o policial de ponta. Antigamente, todo criminoso, ao ser preso, era apresentado na secretaria. Agora, não. Fizemos questão de apresentá-lo na própria delegacia que o prendeu", disse.
O chefe da Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, deu uma alfinetada na gestão do antecessor de Aguiar, o coronel Josias Quintal, da PM (Polícia Militar). "Eles ofereciam recompensa de R$ 50 mil, e nós prendemos em um mês."
Quintal disse que a prisão de Celsinho aconteceria "a qualquer momento". "Não venham dizer que a prisão de Celsinho é fruto de uma nova postura da Polícia Civil. A prisão foi um encontrão, quase que um acaso, que ocorreu por causa de um informação boa que chegou na hora certa à DRF."
O deputado estadual Hélio Luz - sem partido desde que saiu do PT, no mês passado - afirmou que a prisão "tem tudo a ver com o novo governo".
"A prisão de Celsinho é um sinal claro e objetivo de que o novo chefe da Polícia Civil não tem acerto com ninguém. A partir do momento que cai a questão do acerto, surge o trabalho policial. Não adianta ficar fazendo planinho de segurança sem tocar na questão principal, que é o controle interno das polícias", disse Luz.
Para Quintal, acertos da polícia começaram a existir no novo governo-uma referência a um suposto acordo com as comunidades para não ocupar os morros.
O sociólogo Ignacio Caño, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) disse que ainda é cedo para avaliar a política de segurança pública do governo de Benedita. Afirmou, no entanto, que as prisões de Celsinho e a desarticulação da quadrilha de Uê mostraram ser possível sucesso por meio de um trabalho de inteligência policial. (MHM e KR)


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