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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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VIOLÊNCIA

Em entrevista, secretário disse que não há como "negar a realidade"; mais tarde, anunciou meta de reduzir crimes em 12%

Garotinho vê "descontrole" na segurança

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, durante anúncio das metas de sua gestão


TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, disse ontem que situação da violência no Estado "é de descontrole". A afirmação foi feita durante entrevista à rádio CBN.
"Não adianta tentar dizer que não há. Há uma situação de descontrole. Tentar negar isso é tentar negar a realidade", disse Garotinho à emissora.
Em Brasília, questionada sobre a declaração do marido, a governadora Rosinha Matheus disse que a situação da segurança no Estado "está grave, mas não incontrolável".
Ex-governador do Rio (1999-abril de 2002), Garotinho está à frente da secretaria desde o último dia 28. "Não existe solução para essa questão em uma semana, um mês, dois meses. Essa é uma situação grave que requer humildade de todas as pessoas. Que requer a união de todas as pessoas", afirmou.
Na entrevista, Garotinho disse que ficou até as 23h30 de anteontem na secretaria, em razão de um tiroteio no complexo de favelas da Maré (zona norte) que levou ao fechamento, por quase duas horas, da avenida Brasil (principal via de acesso ao Rio) e da Linha Amarela (zona oeste-zona norte).
À tarde, ao divulgar as metas de segurança da secretaria até o fim do ano, Garotinho tentou minimizar sua declaração. Ele disse que a frase precisa ser analisada em um contexto, mas que "a sensação de insegurança não pode ser negada por uma autoridade".
"Não é que o Estado esteja sem controle da situação, não foi dessa forma que eu quis dizer. Mas surgiu, desde setembro do ano passado, um novo tipo de ação criminosa", disse ele, referindo-se à rebelião ocorrida em Bangu 1, em que quatro presos foram mortos.
Segundo o secretário, é difícil combater essa nova modalidade de crime (ataques a hotéis, universidades e pontos turísticos). "Não só a polícia do Rio de Janeiro, mas nenhuma polícia do Brasil está pronta para enfrentar."

Elogios
Rosinha elogiou a ação da polícia no complexo da Maré. Segundo ela, foi a polícia, e não o tráfico, quem fechou a avenida Brasil, como forma de proteger inocentes. "Só houve confronto porque a polícia impediu a atuação de um grupo que carregava galões com querosene", disse ela, acrescentando que as pessoas pretendiam queimar ônibus na avenida.
O tiroteio aconteceu no dia seguinte ao episódio na Universidade Estácio de Sá (Rio Comprido, zona norte), em que a estudante Luciana Novaes, 19, foi atingida no rosto por tiro disparado do morro do Turano. Ela corre risco de morte.

Metas
Ao lado de Garotinho, a quem chamou de governador diversas vezes, o presidente do ISP (Instituto de Segurança Pública), Jorge da Silva, anunciou os dez tipos de crimes cujas ocorrências devem ser reduzidas até dezembro. A média de queda é de 12%.
A comparação será feita em relação à média de maio a dezembro de 2002. As análises serão divulgadas trimestralmente. Silva ameaçou demitir os delegados e comandantes da PM que não consigam diminuir a criminalidade.
A partir da semana que vem serão selecionados 30 policiais militares de cada batalhão para integrar o GAT (Grupamento de Ações Táticas), que será um "mini-Bope" (Batalhão de Operações Especiais). "Eles serão treinados com a mesma metodologia do Bope, terão os mesmos equipamentos do Bope e serão utilizados nas incursões para evitar balas perdidas, para evitar falta de preparo nas ações da polícia", disse Garotinho.


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