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DESIGUALDADE
Aulas devem começar em fevereiro de 2004
ONG anuncia criação de faculdade com maioria de alunos negros em SP
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a questão de cotas para negros na universidade já era polêmica, imagine uma situação "oposta": uma faculdade onde os
negros serão maioria e os brancos
é que se submeterão a critérios especiais para serem admitidos.
A Faculdade da Cidadania
Zumbi dos Palmares, uma das
poucas no mundo com essa proposta, será anunciada na próxima
terça-feira, dia 13, data em que
oficialmente se comemora a libertação dos escravos no país.
O vestibular está previsto para
dezembro e as aulas para os 400
alunos em administração serão
iniciadas em fevereiro. Em quatro
anos, a escola prevê a criação de
outros cursos em humanas e exatas, já com o nome de Universidade Zumbi dos Palmares.
A mantenedora da escola é o
Instituto Afrobrasileiro de Ensino
Superior, que, por sua vez, foi
criado pela ONG Afrobras, Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural.
A Secretaria de Ensino Superior
do MEC confirmou que a instituição está credenciada e seus cursos
reconhecidos.
Inicialmente, a escola funcionará no antigo fórum de São Bernardo do Campo, prédio cedido pelo
Estado. Segundo a ONG, já estaria
em negociação um terreno na capital para a construção do futuro
campus.
Na entrevista coletiva da terça,
José Vicente, presidente do instituto e reitor da nova faculdade,
informará os critérios de seleção,
o valor das mensalidades, a proporção entre negros e brancos e
os parâmetros para se definir
quem é negro e quem é branco.
Coca-Cola
Vicente se encontrava ontem
em Atlanta (EUA) acertando detalhes do apoio que o instituto deverá receber da Fundação Coca-Cola, anunciada como uma das
principais parceiras no projeto.
Segundo informações divulgadas
pela Afrobras, a faculdade será a
primeira "que visa a inclusão de
pessoas menos favorecidas economicamente no ensino superior
de qualidade, alicerçada na formação humanística do profissional, levando em consideração a
isonomia e a equidade".
A ONG lembra que os negros
são menos de 2% nas escolas de
ensino superior do país.
Em março do ano passado, a
Afrobras anunciou a criação do
instituto e a abertura de um curso
este ano em que os negros ocupariam 40% das vagas, o que não
ocorreu. Segundo a assessoria da
ONG, os prazos foram estendidos
e as propostas ampliadas, optando-se pela criação de uma faculdade com maioria negra.
"Incluir" e "integrar"
Os valores investidos ainda não
foram informados. Segundo a
Afrobras, além da Fundação Coca-Cola, há cerca de 15 instituições parceiras, entre elas seis universidades privadas, a Associação
Alumni e três outras instituições
internacionais.
Segundo a ONG, os custos serão
reduzidos graças à contribuição
de empresas e de universidades
parceiras, que cederão professores. Oficialmente, a missão da faculdade é pomposa: "incluir o
afrodescendente no ensino superior, viabilizando a integração de
negros e não-negros em ambiente
favorável à discussão da diversidade social, no contexto da realidade nacional e internacional".
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