São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

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EM DOSE DUPLA

Aos seis, menino terá irmã gêmea

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao entrar na maternidade para dar à luz Alissa até o fim deste mês, Alessandra Câmara Silveira, 32, de São José do Rio Preto (SP), realizará o sonho de ser mãe de um casal de gêmeos. O inusual é que as crianças terão uma diferença de idade de seis anos.
Alissa, enquanto embrião, ficou cinco anos congelada em uma clínica de reprodução assistida com outros nove embriões resultantes de um único ciclo de fertilização in vitro (FIV), realizado há sete anos.
Naquela época, Alessandra fez um tratamento de reprodução assistida e engravidou de João Marcelo, que completou seis anos anteontem. Os embriões excedentes, um total de dez, foram congelados em um tanque de nitrogênio líquido a -190C.
Ano passado, atendendo aos apelos do filho, que pedia uma "irmãzinha", ela decidiu transferir dois dos embriões congelados. Um deles se fixou e, para a surpresa da família, era uma menina.
Como ambos vieram de óvulos de um mesmo ciclo e foram fecundados no mesmo dia, são considerados pelos médicos gêmeos não-idênticos, ou fraternos. Apenas terão idades distintas.
Segundo o médico José Gonçalves Franco Júnior, da clínica Sinhá Junqueira, de Ribeirão Preto (SP), que fez o tratamento em Alessandra, apesar de a fertilização dos dois ter ocorrido na mesma época, a garota sempre será mais nova porque as células não se dividem enquanto o embrião está congelado.
"Foi muita sorte vir uma menina porque, embora desejássemos muito, não escolhemos os embriões. Foram descongelados três, mas um não resistiu. Transferimos então dois e taí a Alissa. Minha família agora está completa", afirma Alessandra, que pretende doar os sete embriões restantes para pesquisa com célula-tronco.
Ela conta que deixá-los indefinidamente na clínica de reprodução lhe causa angústia, especialmente depois de engravidar de Alissa. "Considero-os filhos, mas não pretendemos ter outros. Um casal está de bom tamanho. Também não quero doá-los a outro casal."
Quando tentava engravidar de João Marcelo, Alessandra produziu 30 óvulos: 15 ela decidiu doar a um casal infértil. "Até hoje me pego pensando se eles foram fecundados e se tenho mais filhos por aí. Fico com medo do João Marcelo ou da Alissa um dia se apaixonar por um deles", conta.
Alessandra tentou engravidar naturalmente durante cinco anos, mas nada aconteceu. A causa era a má qualidade dos espermatozóides do marido, o cirurgião-dentista Marcelo da Silveira. (CC)


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