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Depoimentos reforçam acusação contra policial
Informante da polícia disse ter recebido R$ 6.000 para passar dados a policiais que permitiram extorsão contra facção
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em depoimento à Corregedoria da Polícia Civil ontem, o
informante policial Carlos Roberto dos Santos disse ter recebido cerca de R$ 6.000 por ter
passado dados sobre Rodrigo
Olivatto de Morais a policiais
civis. As informações foram dadas a Augusto Peña e José Roberto de Araújo -presos em 30
de abril- para que eles pudessem exigir R$ 300 mil da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para que
Morais não fosse preso.
Morais é enteado do presidiário Marco Willians Herbas
Camacho, o Marcola, apontado
pela polícia paulista como chefe da facção criminosa PCC.
Morais, segundo o Gaerco
(Grupo de Atuação Especial
Regional de Combate e Repressão ao Crime Organizado), do
Ministério Público de Guarulhos (Grande SP), foi mantido
refém por Peña e Araújo em
março de 2005, dentro da delegacia de Suzano, por 48 horas.
Peña, segundo declarou à Folha sua ex-mulher, Regina Célia Lemes de Carvalho, é amigo
do advogado Lauro Malheiros
Neto, que deixou anteontem o
cargo de secretário-adjunto da
Segurança Pública. E, segundo
ela, Peña dava dinheiro a Malheiros Neto para que ele o protegesse dentro da polícia.
O ex-secretário-adjunto nega
essa relação com o policial preso. Diz apenas que ambos trabalharam juntos na polícia em
1993 e que o escritório de advocacia da família atuou em causas cíveis a favor de Peña.
O delegado Nelson Silveira
Guimarães, ex-chefe do Demacro (Departamento de Polícia
Judiciária da Macro São Paulo),
declarou à Promotoria e à Corregedoria que, em 2007, recebeu uma ligação de Malheiros
Neto para "liberar" Peña da delegacia de Suzano.
Lá, ele estava em expediente
administrativo por suspeita de
participação em outra extorsão
contra o PCC, de R$ 40 mil, e
foi transferido para o Deic (Departamento de Investigações
Sobre o Crime Organizado).
Além do "ganso" (informante) Carlos Roberto dos Santos,
o Carlinhos, que está preso e é
jurado de morte pelo PCC, a
Corregedoria da Polícia Civil
também ouviu outros dois importantes depoimentos ontem.
Um deles foi o do delegado Ítalo
Zaccaro Neto, que era do setor
de inteligência do Demacro.
Neto confirmou saber das relações entre Peña e Malheiros
Neto e da influência deste na
transferência do investigador.
Uma escrevente da mesma
equipe que Peña passou a integrar no Deica disse ontem à
Corregedoria que houve uma
discussão entre ele e o também
policial civil Douglas Pereira
dos Santos -assassinado em 14
de dezembro de 2007.
O motivo da briga: Peña teria
desaparecido com uma carga
de videogames Playstation
apreendida avaliada em mais
de R$ 1 milhão. Em depoimento ao Gaerco, a ex-mulher de
Peña afirmou que a carga desviada foi vendida pelo policial
-o que provocou reações dentro da corporação.
A escrevente confirmou ontem que, à época da suspeita do
desaparecimento dos aparelhos, um chaveiro reconheceu
Peña como a pessoa que pediu
para que ele fizesse uma cópia
das chaves do depósito do Deic
onde os videogames estavam.
CPI das Escutas
Ontem, a CPI das Escutas
Telefônicas Clandestinas confirmou que Peña e os três promotores do Gaerco que o acusam de ter usado grampos telefônicos para supostamente extorquir o PCC vão ser ouvidos
na Câmara dos Deputados.
O pedido para a CPI ouvir
Malheiros Neto foi retirado da
pauta a pedido do deputado
William Woo (PSDB-SP).
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