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Sangue em apartamento não é do casal Nardoni, diz defesa
Advogado pediu à Justiça para fazer DNA em amostra que está no Instituto de Criminalística
Alexandre Nardoni e Anna Jatobá estão presos acusados de matar Isabella, 5, em 2008; provas contra os dois são consistentes, diz promotor
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
A defesa do casal Alexandre
Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a filha
dele, Isabella, 5, afirmou à Justiça ontem que o sangue em
que se basearam algumas perícias e boa parte da investigação
sobre o assassinato da menina
não é deles, como se supunha
até agora.
Isabella foi morta em 29 de
março de 2008 ao ser atirada do
sexto andar do edifício onde
Nardoni vivia com Anna Jatobá, na zona norte. Nardoni é pai
da menina; Anna, a madrasta.
Em uma petição apresentada
ao juiz Maurício Fossen, da 2ª
Vara do Tribunal do Júri, o advogado Roberto Podval requer
que seja autorizado um exame
de DNA no sangue que está armazenado como sendo dos
Nardoni para provar que ele
"não é do casal". "Estou afirmando com todas as letras que
o sangue guardado no Instituto
de Criminalística como se fosse
deles não é deles", diz Podval.
O advogado diz que se baseou
em declarações feitas a ele por
Anna e Alexandre, formalizadas em um documento também entregue ontem ao juiz. "A
coleta de sangue não foi feita
porque inclusive faltavam seringas no instituto no dia em
que eles foram para lá."
Segundo Podval, os réus já tinham feito declaração nesse
sentido à Justiça, em novembro, mas a informação "ficou
perdida no meio do processo,
aguardando outras providências. E este exame tem que ser
feito o mais rápido possível".
Podval diz que, caso o juiz autorize os exames e eles mostrem que o sangue não é dos
Nardoni, como a defesa espera,
"vamos provar que tem alguma
coisa errada, mas muito errada
com toda a investigação".
O promotor Francisco Cembranelli, com quem Podval
também conversou ontem, diz
que avaliará o pedido de exame,
mas afirma que a questão do
sangue é "um fragmento de toda uma prova pericial muito
consistente".
De acordo com ele, o sangue
do casal serviu para descartar,
por exemplo, que manchas nas
roupas deles eram de Isabella.
Cembranelli afirma também
que o sangue "foi recolhido e levado para laboratório", ao contrário do que afirma Podval.
"Eles forneceram o sangue, admitiram isso em outros momentos. Muito me estranha a
mudança repentina de rumo."
O promotor diz também que
a suspeita de que o sangue não é
do casal tem como base apenas
declarações e negativas dos
acusados. "E eles negam um
monte de outros fatos. O advogado está no papel dele, sem
problema algum. Mas eu confio
no trabalho da perícia. E, se fosse me basear no fato de que os
réus negam, eu nem abriria o
processo." O julgamento não
tem data marcada.
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