São Paulo, sexta-feira, 08 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sangue em apartamento não é do casal Nardoni, diz defesa

Advogado pediu à Justiça para fazer DNA em amostra que está no Instituto de Criminalística Alexandre Nardoni e Anna Jatobá estão presos acusados de matar Isabella, 5, em 2008; provas contra os dois são consistentes, diz promotor

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

A defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a filha dele, Isabella, 5, afirmou à Justiça ontem que o sangue em que se basearam algumas perícias e boa parte da investigação sobre o assassinato da menina não é deles, como se supunha até agora.
Isabella foi morta em 29 de março de 2008 ao ser atirada do sexto andar do edifício onde Nardoni vivia com Anna Jatobá, na zona norte. Nardoni é pai da menina; Anna, a madrasta.
Em uma petição apresentada ao juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, o advogado Roberto Podval requer que seja autorizado um exame de DNA no sangue que está armazenado como sendo dos Nardoni para provar que ele "não é do casal". "Estou afirmando com todas as letras que o sangue guardado no Instituto de Criminalística como se fosse deles não é deles", diz Podval.
O advogado diz que se baseou em declarações feitas a ele por Anna e Alexandre, formalizadas em um documento também entregue ontem ao juiz. "A coleta de sangue não foi feita porque inclusive faltavam seringas no instituto no dia em que eles foram para lá."
Segundo Podval, os réus já tinham feito declaração nesse sentido à Justiça, em novembro, mas a informação "ficou perdida no meio do processo, aguardando outras providências. E este exame tem que ser feito o mais rápido possível".
Podval diz que, caso o juiz autorize os exames e eles mostrem que o sangue não é dos Nardoni, como a defesa espera, "vamos provar que tem alguma coisa errada, mas muito errada com toda a investigação".
O promotor Francisco Cembranelli, com quem Podval também conversou ontem, diz que avaliará o pedido de exame, mas afirma que a questão do sangue é "um fragmento de toda uma prova pericial muito consistente".
De acordo com ele, o sangue do casal serviu para descartar, por exemplo, que manchas nas roupas deles eram de Isabella. Cembranelli afirma também que o sangue "foi recolhido e levado para laboratório", ao contrário do que afirma Podval. "Eles forneceram o sangue, admitiram isso em outros momentos. Muito me estranha a mudança repentina de rumo."
O promotor diz também que a suspeita de que o sangue não é do casal tem como base apenas declarações e negativas dos acusados. "E eles negam um monte de outros fatos. O advogado está no papel dele, sem problema algum. Mas eu confio no trabalho da perícia. E, se fosse me basear no fato de que os réus negam, eu nem abriria o processo." O julgamento não tem data marcada.


Texto Anterior: Além de seca, Sul agora enfrenta frio
Próximo Texto: Paralisação na USP: Universidade diz que só 8% dos funcionários aderiram à greve
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.