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Minhocão recebe mais carros que a 23 de Maio
Cada faixa do elevado transporta mais veículos que uma das principais vias de São Paulo, o que expõe a dificuldade para sua demolição
Segundo a CET, o elevado recebe 5.400 veículos por faixa no pico da manhã; plano de Kassab prevê criar alternativa para o tráfego
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As quatro faixas do Minhocão transportam, proporcionalmente, mais carros que as
dez faixas da avenida 23 de
Maio, uma das mais importantes vias de São Paulo. A comparação reforça a importância do
Minhocão, apelido do elevado
Costa e Silva, para o trânsito.
Também ajuda a explicar a
dificuldade dos prefeitos para
acabar com a obra, que trouxe
desvalorização ao seu entorno
desde a inauguração, em 1971.
Anteontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) anunciou
um plano -sem orçamento e
prazo- que, se der certo, culminará com o fim do elevado.
Para isso, terá de ser feito um
túnel subterrâneo de 12 km para passar um trem que irá da
Lapa ao Brás. O local por onde
hoje passam os trilhos seria
ocupado por um parque e uma
via de ligação das zonas leste e
oeste, que serviria de alternativa ao tráfego do Minhocão.
A nova avenida teria oito faixas para carros. Já os motoristas que usam o Minhocão apenas no trajeto centro-zona oeste continuariam com a alternativa da avenida São João, principal eixo de ligação entre essas
duas áreas até a década de 1960.
A prefeitura começou ontem
o processo para contratar o
projeto urbanístico que definirá o futuro do Minhocão.
A 23 de Maio é parte da ligação norte-sul. Por ali, das 7h às
10h, passam 27.300 carros, segundo dados da CET, ou 2.730
veículos, em média, por faixa.
No Minhocão são 21.600 carros
no mesmo período, média de
5.400 veículos por faixa, quase
o dobro da 23 de Maio.
"O Minhocão é muito necessário. Tem uma função hoje
que não tem substituição", diz
o consultor de transportes Bernardo Alvim, que tem um projeto para transformar a obra
em via elevada de ônibus.
Kassab prefere a destruição.
"Eu torço para que o projeto
vencedor possa encontrar uma
solução para demolir o Minhocão", disse ontem. Para ele, os
recursos arrecadados com a futura operação urbana Lapa-Brás custearão o projeto.
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