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Estudantes têm estratégias para escapar dos tiros
Som de fogos de artifício é senha para alunos correrem para casa, se jogarem no chão ou se protegerem perto de muros
Moradores citam conflitos rotineiros e interrupção de festas em decorrência dos tiroteios entre traficantes de drogas do CV e a polícia
DA SUCURSAL DO RIO
Acostumadas aos freqüentes
tiroteios na favela, as crianças
da escola Henrique Foréis e da
vizinhança já sabem o que fazer
quando os policiais chegam.
Cada uma tem sua estratégia
para escapar dos disparos.
"Quando soltam os fogos, todo mundo sobe. Eu saio correndo para dentro de casa", contou
Felipe Roberto Machado, 14,
que mora perto da escola.
Quando está longe de casa,
André Almeida, 15, busca abrigo até com desconhecidos.
Quando não consegue, atira-se
ao solo. "Ou entro na casa de alguém ou me deito no chão da
rua, perto de um muro", disse.
As crianças afirmam que, pelo som, já conhecem o calibre
das armas. Sabem também que
há balas traçantes (luminosas)
nas cores vermelha e verde.
Os relatos de crianças e adultos indicam que os tiroteios entre policiais e traficantes de
drogas são rotina na Vila das
Palmeiras, uma das favelas do
complexo do Alemão voltadas
para o bairro de Inhaúma.
As festas na rua correm o risco de serem sempre interrompidas por tiroteios. As noites de
quarta, por exemplo, costumam ser festivas no bairro, onde ocorre um pagode. "Mas
quando chega o blindado [da
PM], o pagode acaba e às vezes
tem até tiroteio", disse Felipe.
Embora mais comuns à noite, as trocas de tiros também
têm ocorrido de dia. Neste ano,
a insegurança piorou, afirmam
moradores. A dona-de-casa Luciene Félix Souza, 34, mãe da
aluna Jocilaine, uma das vítimas, defendeu a mudança do
endereço do colégio.
"Já pedi para fazerem uma
escola numa nova área. Na semana passada teve tiroteio. A
situação tem piorado."
A Folha apurou com moradores da favela que meninos de
11 a 15 anos integram a quadrilha do tráfico. O bando da Vila
das Palmeiras é ligado à facção
CV (Comando Vermelho).
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