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Reforma universitária não tem urgência
Projeto, que não prevê cotas para a rede pública, foi enviado para o Congresso, mas dificilmente será votado neste ano
A versão é a 4ª formulada desde o início das discussões há dois anos, mas ainda é criticada por representantes de universidades e alunos
SIMONE HARNIK
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
O projeto da reforma universitária será enviado hoje ao
Congresso, mas sem caráter de
urgência, e dificilmente será
votado em um ano com Copa e
eleições. O próprio ministro
Fernando Haddad (Educação)
diz que a prioridade é a aprovação do Fundeb, o fundo de incentivo ao ensino básico.
A versão é a quarta formulada desde o início das discussões
há dois anos. Mesmo assim,
muitos pontos ainda desagradam a entidades que representam as universidades públicas,
particulares e os estudantes.
"Debatemos há dois anos o
assunto. Se o projeto for para a
Câmara sem a urgência, acabará engavetado", disse o presidente da União Nacional dos
Estudantes, Gustavo Petta.
"Vamos pleitear caráter de
urgência para garantir a votação neste ano", afirmou o presidente da Andifes (associação
dos reitores das federais), Paulo Speller.
Não há menção sobre a reserva de vagas para estudantes
oriundos do ensino médio na
rede pública -a versão anterior
do anteprojeto previa a destinação de 50% das vagas para
esses estudantes.
"Entendemos que já existe
um projeto tramitando no
Congresso e colocar o assunto
no projeto da reforma seria retroceder a discussão que já está
avançada", afirmou Haddad.
O projeto final cria a obrigatoriedade de serem repassados
ao menos 75% das verbas de
educação para as instituições
federais. Essa porcentagem de
recursos foi definida para um
prazo de dez anos -período
criticado pela Andifes e pela
UNE, que afirmam que não deveria haver determinação de
tempo. As verbas serão destinadas para as instituições conforme critérios de desempenho
na pesquisa e no ensino.
A lista tríplice para a escolha
de reitor, que já constava em
versões anteriores do anteprojeto e foi criticada pela Andifes
e pela UNE, que queriam eleição direta, também ficou intocada. Além disso, o projeto prevê novas regulamentações para
a oferta de cursos e abertura de
instituições de ensino, o que
desagrada aos sindicatos das
entidades privadas de ensino.
Para Haddad, a não-aprovação neste ano do Fundeb, que
estenderá os repasses aos três
níveis do ensino básico (infantil, fundamental e médio), pode
levar a perdas de verba. O Fundeb já foi aprovado no Senado e
ainda deve voltar à Câmara. "Se
não votar agora, não tem Fundeb nem Fundef. Os municípios acabarão sem os recursos."
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