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ESTRADAS
Concessionárias de São Paulo devem favorecer inicialmente o transporte de carga; em seis anos, tarifa subiu 120%
Empresas decidem rever preço de pedágio
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas concessionárias de
rodovias estaduais e o governo do
Estado de São Paulo, por meio da
agência reguladora do setor, decidiram rever os preços das tarifas
dos pedágios das estradas paulistas que foram privatizadas.
Para isso, estudam maneiras de
baratear os custos tarifários sem
romper os contratos das concessionárias. Há um mês, formou-se
o GPT-SP (Grupo Paritário de
Trabalho de São Paulo), composto por representantes das concessionárias e das empresas transportadoras de cargas, para discutir formalmente, pela primeira
vez, como chegar à redução.
O alto preço cobrado nas rodovias concedidas à iniciativa privada no Estado de São Paulo e os
reajustes anuais previstos em
contrato também levaram a Artesp (agência estadual que regula
as concessões de estradas) a estudar, paralelamente, formas de baratear os custos para os usuários.
As medidas iniciais que estão
sendo analisadas pelo GPT-SP,
que constam em documento do
grupo, privilegiam o setor de
transporte de cargas, em detrimento de outros grupos, como os
motociclistas e os motoristas proprietários de carros de passeio.
Estes, pelo menos por enquanto, são os grandes ausentes do debate. Os carros de passeio são responsáveis por aproximadamente
80% do movimento nas rodovias,
mas seus donos não têm representação no grupo formado.
Desde 1998, quando as concessionárias assumiram o controle
de 3.500 km dos 22 mil km de estradas paulistas, o reajuste acumulado dos pedágios é de 120%.
No mesmo período, a renda média do trabalhador caiu, em São
Paulo, cerca de 30%, de acordo
com a Fundação Seade (Sistema
Estadual de Análise de Dados). E
a inflação, medida pelo IPC-Fipe
(Índice de Preços ao Consumidor
da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), foi de 47,5%.
Geraldo Vianna, presidente da
NTC (Associação Nacional do
Transporte de Cargas) e integrante do GPT-SP, afirmou que "as
concessionárias admitem que
precisam rever [os preços]". Para
ele, a possibilidade de "surgir um
Requião" em São Paulo foi o que
levou "as concessionárias a sentar
à mesa com a gente".
Vianna se referia ao governador
do Paraná, Roberto Requião
(PMDB), que iniciou, em fevereiro deste ano, processo de desapropriação das seis concessionárias de rodovias que operam no
Estado, para pressionar as empresas a reduzir os preços do pedágio
e rever os contratos.
Recentemente, no entanto, as
concessionárias conseguiram
uma decisão favorável no STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizando-as a aumentar as tarifas
conforme previsto inicialmente.
O presidente da ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), Moacyr Duarte, confirmou que "formas de redução das tarifas" são um dos temas a serem discutidos pelo grupo. Duarte também disse que há
outras prioridades, como a questão da segurança rodoviária.
Entre as propostas em estudo
por parte do GPT-SP que permitiriam a redução de tarifas está o
aumento da base de contribuintes, por meio da implantação de
novas cabines e a tarifação do tráfego de motocicletas, isentas até
hoje. O aumento na arrecadação
reverteria em preços menores.
O diretor-geral da Artesp, Ulysses Carraro, confirmou que a ausência dos motoristas de veículos
de passeio nas discussões pode
prejudicar esses usuários, mas
afirmou que "é papel da Artesp
garantir que o usuário comum tenha seus direitos preservados".
Carraro defende projetos de redução tarifária "universais".
A Artesp quer usar publicidade
à margem das rodovias, e parte do
valor das multas cobradas nas estradas, como forma de aumentar
a arrecadação. O dinheiro arrecadado favoreceria a redução.
Carraro disse que o preço dos
pedágios ficou "relativamente"
alto, porque a renda do trabalhador não aumentou como se esperava, mas ressaltou a qualidade
das rodovias concedidas.
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