São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007

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Pacientes só são atendidos depois de 1 ano

Intervalo entre pedido e consulta com especialistas chega até 1 ano e 3 meses na rede de saúde de SP

FLÁVIO FERREIRA
DO "AGORA"

A espera por consultas com médicos especialistas na rede municipal de saúde de São Paulo pode passar de um ano e três meses. Na zona sul da cidade, a reportagem constatou casos de demora nos quais os prazos entre o pedido de agendamento e a data da realização da consulta foram de, no mínimo, 11 meses.
A empregada doméstica Maria do Socorro de Almeida, 47, é vítima da longa espera para duas especialidades médicas: otorrinolaringologia e ginecologia. O pedido para uma consulta com o otorrinolaringologista foi feito em 25 de maio de 2006, na UBS (Unidade Básica de Saúde) de Paranapanema, no distrito de M'Boi Mirim (zona sul de SP). Só na última quinta-feira, a paciente descobriu que a visita foi agendada para 28 de agosto deste ano.
A demora mais dolorosa para ela, porém, foi em relação ao ginecologista. Com sangramentos constantes e anemia, ela esperou 11 meses por uma consulta com o especialista. O encontro com o médico revelou que Maria possui um mioma (tumor) no útero.
Agora, a aflição vem da expectativa em relação à intervenção cirúrgica. "Dois médicos do Hospital Municipal do Campo Limpo e dois da UBS já me disseram que preciso operar. Uma doutora do Campo Limpo falou que devo aguardar. Mas, por causa dos sangramentos, está difícil", afirma.
O neto de Maria, Silas, 3, também sofreu com a demora. O maior prazo foi para ser examinado por um cardiologista: um ano e dois meses. O menino sofre de um "sopro" (alteração circulatória) no coração e, hoje, é atendido pelo Hospital Estadual Dante Pazzanese.
Até a última quinta-feira, Silas também esperava o agendamento da avaliação com um ortopedista. O pedido do médico era de 31 de agosto de 2006. Após a reportagem ter pedido explicações ao posto de saúde, a família foi informada, no dia seguinte, que o menino será atendido nesta semana.
A vizinha da família Almeida, a diarista Antônia Santos Silva, 60, já tinha até esquecido de seu pedido. Acompanhada pela reportagem, ela obteve, no posto, a informação de que a visita ao endocrinologista fora marcada para o próximo dia 20.
Nisso, foram mais de 11 meses desde o pedido. "Quem não precisa da UBS não acredita quando contamos que ficamos um ano esperando por consultas. Mas a triste realidade é essa", lamenta Antônia, apontando as datas da guia.
Na última segunda, a Prefeitura de São Paulo contestou reportagem que revelava o problema da demora. O exame de prontuários dos pacientes citados esclareceu que a administração é que estava equivocada sobre os prazos de espera.


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