São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Passageiros são retidos em avião
por 6 h

Forte neblina interrompeu os pousos em Cumbica das 3h33 às 8h11; até as 18h, metade dos vôos tinha sofrido atrasos

Ocupantes de vôos desviados para Viracopos ficaram dentro das aeronaves sem alimentação e sob más condições de higiene


MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Passageiros de vôos internacionais ficaram retidos ontem dentro de aeronaves, sem alimentação e sob más condições de higiene, por até seis horas e meia no pátio do aeroporto internacional de Viracopos, em Campinas (95 km de SP).
Uma forte neblina interrompeu os pousos no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, das 3h33 às 8h11. Segundo a Infraero (estatal que administra os aeroportos), 31 pousos foram desviados para os aeroportos de Viracopos, em Campinas, Tom Jobim, no Rio, e Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Com o fechamento, a maioria dos vôos da manhã sofreu atrasos. Até as 18h, 51,9% (70 de 135) dos vôos haviam atrasado, mas a situação no início da noite era considerada normal, com oito atrasos.
Treze vôos -cinco internacionais- foram para Viracopos. "Logo que o vôo chegou a Viracopos, o comandante disse que iria providenciar transporte terrestre para todos, mas ficamos cinco horas dentro da aeronave sem comida. Havia idosos e crianças chorando. Não havia nem sequer papel higiênico", disse a engenheira Silvana Von Zastron Joly.
Ela chegou de Madri (Espanha), em vôo da Iberia Linhas Aéreas. Havia 264 passageiros na aeronave, que pousou em Viracopos às 5h45. Os passageiros passaram cinco horas dentro do avião e duas horas numa sala do aeroporto. Só depois das sete horas de espera, seguiram para São Paulo em ônibus fretados pela companhia.
"Tentaram me impedir de registrar tudo pelo celular. Houve discussão entre passageiros e tripulantes. Um dos tripulantes disse que não poderíamos sair da aeronave por causa das leis brasileiras. Denegriram a imagem do Brasil", disse Joly.
A engenheira afirmou que um grupo de passageiros denunciaria o caso à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e ao Procon. "O problema foi todo da Iberia, que demorou para liberar os passageiros. Perdi o dia de trabalho", disse.
A aeronave que passou mais tempo em solo em Viracopos foi da Taca Linhas Aéreas, procedente de Lima (Peru), que pousou às 4h27. Ao menos cem passageiros ficaram dentro do avião parado por quase seis horas e meia. A decolagem para Cumbica foi às 10h50 -o vôo de Lima a São Paulo dura duas horas e meia.
Mais três aeronaves procedentes de outros países ficaram, em média, três horas no pátio de Viracopos, segundo a Infraero.
A empresa informou que tinha condições de receber os passageiros dos vôos internacionais em Viracopos e que a opção por retê-los foi das companhias aéreas.

Código
A Anac informou que investigará os casos que forem denunciados. O artigo 231 do Código Brasileiro Aeronáutico prevê o reembolso "quando o transporte sofrer interrupção ou atraso em aeroporto de escala por período superior a quatro horas, qualquer que seja o motivo".
O código prevê o fornecimento de alimentação no período, mesmo que a espera tenha ocorrido na aeronave. Para o reembolso, o passageiro deve denunciar o caso também ao Procon, segundo a Anac.
As empresas Iberia e Taca foram procuradas em seus escritórios em São Paulo. Funcionários forneceram endereço de e-mail de assessorias para contato, mas nenhuma delas havia se manifestado até a conclusão desta edição.


Colaborou a Folha Online


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