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Passageiros são retidos em avião
por 6 h
Forte neblina interrompeu os pousos em Cumbica das 3h33 às 8h11; até as 18h, metade dos vôos tinha sofrido atrasos
Ocupantes de vôos desviados para Viracopos ficaram dentro das aeronaves sem alimentação e sob más condições de higiene
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Passageiros de vôos internacionais ficaram retidos ontem
dentro de aeronaves, sem alimentação e sob más condições
de higiene, por até seis horas e
meia no pátio do aeroporto internacional de Viracopos, em
Campinas (95 km de SP).
Uma forte neblina interrompeu os pousos no aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos, na
Grande São Paulo, das 3h33 às
8h11. Segundo a Infraero (estatal que administra os aeroportos), 31 pousos foram desviados
para os aeroportos de Viracopos, em Campinas, Tom Jobim,
no Rio, e Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Com o fechamento, a maioria
dos vôos da manhã sofreu atrasos. Até as 18h, 51,9% (70 de
135) dos vôos haviam atrasado,
mas a situação no início da noite era considerada normal, com
oito atrasos.
Treze vôos -cinco internacionais- foram para Viracopos. "Logo que o vôo chegou a
Viracopos, o comandante disse
que iria providenciar transporte terrestre para todos, mas ficamos cinco horas dentro da
aeronave sem comida. Havia
idosos e crianças chorando.
Não havia nem sequer papel higiênico", disse a engenheira Silvana Von Zastron Joly.
Ela chegou de Madri (Espanha), em vôo da Iberia Linhas
Aéreas. Havia 264 passageiros
na aeronave, que pousou em
Viracopos às 5h45. Os passageiros passaram cinco horas dentro do avião e duas horas numa
sala do aeroporto. Só depois das
sete horas de espera, seguiram
para São Paulo em ônibus fretados pela companhia.
"Tentaram me impedir de registrar tudo pelo celular. Houve
discussão entre passageiros e
tripulantes. Um dos tripulantes
disse que não poderíamos sair
da aeronave por causa das leis
brasileiras. Denegriram a imagem do Brasil", disse Joly.
A engenheira afirmou que
um grupo de passageiros denunciaria o caso à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e
ao Procon. "O problema foi todo da Iberia, que demorou para
liberar os passageiros. Perdi o
dia de trabalho", disse.
A aeronave que passou mais
tempo em solo em Viracopos
foi da Taca Linhas Aéreas, procedente de Lima (Peru), que
pousou às 4h27. Ao menos cem
passageiros ficaram dentro do
avião parado por quase seis horas e meia. A decolagem para
Cumbica foi às 10h50 -o vôo
de Lima a São Paulo dura duas
horas e meia.
Mais três aeronaves procedentes de outros países ficaram, em média, três horas no
pátio de Viracopos, segundo a
Infraero.
A empresa informou que tinha condições de receber os
passageiros dos vôos internacionais em Viracopos e que a
opção por retê-los foi das companhias aéreas.
Código
A Anac informou que investigará os casos que forem denunciados. O artigo 231 do Código
Brasileiro Aeronáutico prevê o
reembolso "quando o transporte sofrer interrupção ou atraso
em aeroporto de escala por período superior a quatro horas,
qualquer que seja o motivo".
O código prevê o fornecimento de alimentação no período, mesmo que a espera tenha ocorrido na aeronave. Para
o reembolso, o passageiro deve
denunciar o caso também ao
Procon, segundo a Anac.
As empresas Iberia e Taca foram procuradas em seus escritórios em São Paulo. Funcionários forneceram endereço de e-mail de assessorias para contato, mas nenhuma delas havia se
manifestado até a conclusão
desta edição.
Colaborou a Folha Online
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