|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Após lei seca, Frente mira uso de drogas
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após mobilizar o Congresso para aprovar a lei seca, a
Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro da
Câmara prepara novas iniciativas para flagrar motoristas que dirigem após usar
drogas ou remédios. Os congressistas querem pressionar o governo a importar, o
mais rápido possível, equipamentos que detectam o uso
de substâncias ilegais, como
maconha e cocaína, na saliva
dos motoristas.
A mesma lei que introduziu penas mais rígidas para
quem dirige alcoolizado diz
que dirigir sob o efeito de
"qualquer substância psicoativa que determine dependência" pode resultar também em penas graves como
multa, retenção do veículo e
suspensão do direito de dirigir por 12 meses.
O problema, admitem os
deputados, é que hoje não há
um mecanismo que comprove, imediatamente, que o
motoristas está sob o efeito
das drogas.
A Frente não tem números
sobre os casos de acidentes
envolvendo pessoas que se
drogaram, mas garantem
que a combinação "direção e
drogas" é perigosa. "Hoje só
conseguimos comprovar que
a pessoa está drogada por
exames clínicos, o que não é
efetivo para a lei, mas queremos mudar isso", disse o deputado Hugo Leal (PSC-RJ),
relator da proposta que mudou o Código Brasileiro de
Trânsito.
Bafômetro
Apesar de a proposta de alcoolemia zero já ter sido
aprovada, ela ainda corre o
risco de ser modificada, no
parágrafo que trata da obrigatoriedade do bafômetro. O
presidente da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil),
Cezar Britto, por exemplo,
diz que é favorável à lei como
um todo, mas diz que ela é
ilegal "porque fere um princípio básico do direito do
brasileiro, a não auto-incriminação".
Mesmo com a pressão de
alguns setores, Leal não
acredita que haja algum tipo
de mudança, pois, segundo
ele, sem a obrigatoriedade do
uso do bafômetro, a lei é inócua. "Como é que vamos suspender os motoristas? Apenas pela avaliação dos policiais. Acho que sem prova
não tem como dar a infração,
é impossível", disse.
A Frente se concentra na
aprovação de dois projetos.
O primeiro, de autoria do Poder Executivo, proíbe que o
motorista de caminhão dirija, ininterruptamente, por
mais de quatro horas.
O outro projeto, também
de autoria do deputado Leal,
troca penas alternativas como o pagamento de cestas
básicas por trabalhos em
unidades de pronto-socorros
de hospitais ou em centro de
reabilitações, por exemplo.
A Frente Parlamentar em
Defesa do Trânsito Seguro
da Câmara é apartidária,
composta por cerca de cem
parlamentares de todos os
Estados.
Texto Anterior: Europa: Motorista da Moldávia é o que mais bebe, diz pesquisa Próximo Texto: Garoto de 13 anos pega carro dos pais e atropela 6 Índice
|