São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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À espera de caminhão, obra pára e operários jogam bola

Para subprefeitura, culpa é da lei que restringe caminhões, o que atrasa entrega de material

Obra deveria ocorrer das 7h às 16h, mas, em razão da restrição, entrega de material é feita após as 10h; secretário cobra planejamento


RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem saiu para caminhar ontem de manhã na praça Rosa Alves da Silva, na Aclimação (região sul), teve direito a assistir à pelada protagonizada, em pleno canteiro de obras, por operários contratados pela Prefeitura de São Paulo para executar uma reforma no local.
Enquanto isso, a praça segue inacabada e cheia de entulho. A Folha esteve ontem na praça e, além do futebol, por volta das 10h, viu o jogo de dominó e a soneca após o almoço, que começou às 11h. Trabalho mesmo só a partir das 13h.
O serviço do dia: construir uma mureta de cerca de 30 m de comprimento por 20 centímetros de altura e calçar, com barras de concreto, cerca 25 m das bordas da pista de cooper.
Às 15h55, todos os operários já haviam ido embora. Segundo a Subprefeitura da Vila Mariana, que paga R$ 42.500 pelo trabalho mensal da equipe de manutenção de logradouros fornecida pela empreiteira Tomanini, a explicação da jornada reduzida de trabalho é a nova lei de restrição a caminhões que começou a valer na semana passada. Pelo contrato, o trabalho deveria ocorrer das 7h às 16h30.
"O caminhão com o material só pode sair depois das 10h. Antes disso os operários não podem trabalhar. Estamos tentando negociar com a Secretaria dos Transportes a possibilidade desses caminhões poderem circular antecipado. São tão poucos...", disse o subprefeito da Vila Mariana, Alexandre Modonese. Caminhões a serviço da prefeitura podem circular apenas das 10h às 16h.
Na sexta, o secretário Alexandre de Moraes (Transportes), disse que "não houve a manifestação institucional" das subprefeituras a respeito. "Da mesma forma que a sociedade civil, a prefeitura também tem de se adequar à logística."

Desperdício
"É brincadeira. É muito claro o desperdício de dinheiro público", diz um morador da região, que se identificou como Aparecido. "Na semana passada foi pior. Os operários ficaram o dia todo sem trabalhar." O subprefeito diz que a empresa deverá ser multada em cerca de R$ 140 por funcionário. A Folha não conseguiu contato com a empresa ontem.
A praça passou por uma reforma parcial de dezembro de 2007 a março (R$ 66.102). Até hoje, porém, nem o campo de futebol nem a pista de cooper previstas estão prontos.
O campo não tem traves e, embora uma placa recomende que não seja usado até agosto para fixação da grama, o mato aos poucos toma conta do terreno cheio de buracos. E a pista não foi terminada -sua conclusão depende do trabalho da equipe de manutenção.
Para moradores da região, o anúncio da obra parecia ser o desfecho feliz da luta para transformar a praça em "um lugar agradável", como diz o radialista Luiz Magliocca, 61. Eles reclamam que a área é perigosa à noite e que há focos de dengue, por conta de uma nascente de água na praça. "Estamos fazendo obras de drenagem", diz o subprefeito.


Colaborou ALENCAR IZIDORO , da Reportagem Local


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