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França quer tapar "buraco negro" entre Brasil e Senegal
Sarkozy, que se reuniu com Lula, enviará missão a Dacar para discutir como eliminar trecho sem comunicação
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
O presidente francês Nicolas
Sarkozy anunciou ontem, em
encontro com o presidente Lula em Paris, que enviará missão
ao Senegal para discutir como
eliminar o que chamou de "buraco negro de comunicações
entre Recife e Dacar".
O "buraco negro" ficou em
evidência com a queda do avião
da Air France que fazia o voo
447, entre o Rio e Paris, com
206 pessoas, em 31 de maio.
A investigação francesa indicou que os controladores brasileiros tentaram passar o monitoramento do voo para os senegaleses, mas não tiveram resposta imediata. Não foi a causa
da queda, como Lula fez questão de dizer, mas, segundo a
apuração francesa, pode ter retardado o início das buscas.
"Não é normal" esse vazio de
comunicação, reclamou Sarkozy, com apoio de Lula.
O presidente brasileiro contou que, na volta de sua viagem
à Líbia, na semana passada, ele
próprio pudera constatar que
há nessa área "um espaço vazio
em que ninguém consegue falar com ninguém".
Os dois presidentes trocaram
"solidariedade recíproca".
Mas a mídia francesa não parece totalmente convencida da
solidariedade, a julgar pela pergunta de um jornalista a Lula.
Primeiro, quis saber por que o
Brasil suspendera as buscas antes da França e, segundo, por
que o resultado das autópsias
não foi enviado às autoridades
francesas (informação dada pelo investigadores franceses,
mas negada pelos brasileiros).
Lula respondeu que as buscas pararam "porque não era
mais possível encontrar corpos" e disse que "não é fácil, depois de 20 dias", proceder ao
trabalho de identificação. Enfatizou: "Não há o que esconder".
50 resgatados
Em Recife, a Polícia Federal e
a Secretaria da Defesa Social
retificaram para 50 o número
de corpos resgatados. Testes de
DNA comprovaram que um
fragmento contabilizado como
a 51ª vítima fazia parte, na verdade, de um corpo resgatado
anteriormente. Até ontem, 43
já haviam sido identificados.
Os peritos divulgaram que as
autópsias apontaram que todos
morreram como o impacto do
avião no mar. Segundo eles, as
vítimas sofreram fraturas múltiplas, além de ruptura de órgãos do tórax.
Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife
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