São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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França quer tapar "buraco negro" entre Brasil e Senegal

Sarkozy, que se reuniu com Lula, enviará missão a Dacar para discutir como eliminar trecho sem comunicação

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

O presidente francês Nicolas Sarkozy anunciou ontem, em encontro com o presidente Lula em Paris, que enviará missão ao Senegal para discutir como eliminar o que chamou de "buraco negro de comunicações entre Recife e Dacar". O "buraco negro" ficou em evidência com a queda do avião da Air France que fazia o voo 447, entre o Rio e Paris, com 206 pessoas, em 31 de maio.
A investigação francesa indicou que os controladores brasileiros tentaram passar o monitoramento do voo para os senegaleses, mas não tiveram resposta imediata. Não foi a causa da queda, como Lula fez questão de dizer, mas, segundo a apuração francesa, pode ter retardado o início das buscas. "Não é normal" esse vazio de comunicação, reclamou Sarkozy, com apoio de Lula. O presidente brasileiro contou que, na volta de sua viagem à Líbia, na semana passada, ele próprio pudera constatar que há nessa área "um espaço vazio em que ninguém consegue falar com ninguém".
Os dois presidentes trocaram "solidariedade recíproca". Mas a mídia francesa não parece totalmente convencida da solidariedade, a julgar pela pergunta de um jornalista a Lula. Primeiro, quis saber por que o Brasil suspendera as buscas antes da França e, segundo, por que o resultado das autópsias não foi enviado às autoridades francesas (informação dada pelo investigadores franceses, mas negada pelos brasileiros).
Lula respondeu que as buscas pararam "porque não era mais possível encontrar corpos" e disse que "não é fácil, depois de 20 dias", proceder ao trabalho de identificação. Enfatizou: "Não há o que esconder".

50 resgatados
Em Recife, a Polícia Federal e a Secretaria da Defesa Social retificaram para 50 o número de corpos resgatados. Testes de DNA comprovaram que um fragmento contabilizado como a 51ª vítima fazia parte, na verdade, de um corpo resgatado anteriormente. Até ontem, 43 já haviam sido identificados.
Os peritos divulgaram que as autópsias apontaram que todos morreram como o impacto do avião no mar. Segundo eles, as vítimas sofreram fraturas múltiplas, além de ruptura de órgãos do tórax.

Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife



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